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  • Foto do escritorHenrique Correia

José Manuel Rodrigues: a arte de ganhar um cargo



É vaidoso como diz o povo?... Mas também nunca conheci um presidente da Assembleia Regional que não fosse e neste particular houve alguns muito mais.




José Manuel Rodrigues foi reeleito com naturalidade. E com o voto de 40 dos 47 deputados eleitos nas recentes eleições regionais. Um consenso que corresponde ao exercício de quatro anos de liderança do Parlamento "inaugurando" um estilo diferente dos seus antecessores, discutível em alguns aspectos, mas um exercício inteligente face ao que deve ser o protagonismo do principal órgão da Autonomia. O Governo é o Governo, tem o poder executivo, faz obra, toma decisões. A Assembleia tem um poder legislativo, mas não pode ser mera "caixa de ressonância" do poder executivo. E desde 2019 que o Parlamento mudou, José Manuel Rodrigues adotou uma postura assente no seu ponto forte, a comunicação, para depois tomar o pulso da máquina parlamentar e dar impulso de visibilidade ao Parlamento, metendo pelo meio uma componente social. Na globalidade, a estratégia ao longo dos quatro anos foi tão abrangente que criou pequenos grupos de apoio na sociedade, sendo que na atividade parlamentar não ganhou inimigos e fez uma gestão considerada positiva por todos.

Fez um mandato (também) para si? Geriu o ego? Geriu apoios para poder chegar agora na posição a que chegou? Fez pressão, em 2019, para ser candidato da coligação governamental porque o seu voto marcava a diferença, como de resto acontece ainda hoje? Tudo isso é verdade, é vaidoso como diz o povo, mas também nunca conheci um presidente da Assembleia que não fosse e neste particular houve alguns muito mais. Com uma diferença relativamente a outros: José Manuel Rodrigues foi um vaidoso que trouxe o Parlamento para as pessoas e permitiu alguma dignidade parlamentar. Tem mérito e há que revonhecer isso sem complexos. O Parlamento exige dignidade e discrição, mas não precisa de figuras "decorativas".

Outra coisa diferente é a questão política de estarmos perante uma coligação com um partido que vinha de maiorias absolutas, o PSD, e um outro que corria o risco de desaparecer do Parlamento Regional, como de resto veio a acontecer na República. E aqui coloca-se um problema: o presidente da Assembleia, principal órgão da Autonomia, deveria ser do maior partido, neste caso o PSD. Seria natural, não deveria ser negociável. Mas deveria em circunstâncias normais, mas o quadro de 2019 não permitiu porque apesar do CDS ter sido o PAN de 2023, no essencial do apoio e das reivindicações, ou seja poucas, teve em José Manuel Rodrigues o grande "negociador". E na verdade, foi mais "agressivo" para o PSD do que propriamente Rui Barreto. Se o PSD quisesse governar com estabilidade, precisava do CDS, mas previsava muito de José Manuel Rodrigues, que se passasse a independente - o mandato é individual - ia ser um problema. Albuquerque também viu isso e optou mais pela governação estável e menos pelo partido unido.

Quatro anos depois, o cenário é igual. O PSD precisa do PAN, mas sem o voto de José Manuel Rodrigues perderia a maioria absoluta. Mas com uma diferença em relação a 2019: a pressão de José Manuel Rodrigues nem precisou ser muita porque o trabalho feito e a abrangência tornaram praticamente impossível outra reação de Albuquerque, apesar dos "pedidos" que lhe chegaram às mãos para pacificar as divergências internas com o argumento que a perda de peso do CDS reforçava a necessidade de retirar dos centristas a liderança do Parlamento.

Não foi essa a perspetiva de Albuquerque. Compreende-se porquê...


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