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José Manuel Rodrigues: "a mão que embala o PSD"

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 26 de mar.
  • 3 min de leitura


Do ponto de vista ético e da verdade para o eleitorado, é tudo muito discutível em matéria de procedimentos e de atitudes. Mas o eleitorado quer saber alguma coisa disso? Quer mudar alguma coisa? Vê-se...




Tem sido um "fenómeno" recente da política madeirense nos últimos anos. Anda por aqui há décadas, anos a fio numa luta intensa contra o PSD, e foi tal a intensidade que ninguém, há uns bons tempos, nem nos seus pensamentos mais estudados, pensaria como possível que o CDS seria uma espécie de "mão que embala o PSD" de maiorias relativas, que obrigaram a negociações com quem estava ali ao pé e mais à mão. Desde 2019.

O CDS de critica arrasadora passou a parceiro do PSD, mas não um parceiro qualquer, um parceiro exigente que teve a presidência da Assembleia, duas secretarias e mais alguns cargos distribuídos pela governação. Independentemente do que se possa dizer no que toca a mudança de atitude e a "golpes de rins" político partidários e até pessoais, tudo ficou dependente da "oferta" e da "procura". O PSD queria continuar governo, o CDS queria governo e era a oportunidade de ouro. Um ajudei, ajuda-me. José Manuel Rodrigues estava no lugar certo e à hora certa. Foi só mudar o discurso e umas "coisitas" e pronto. É discutível? É. Deu a mão para perpetuar no poder um partido que o próprio CDS, e José Manuel Rodrigues, queriam derrubar? Deu. Foi de certo modo a "bengala" que apareceu em contraciclo com o discurso? Foi. Dentro do género, teve mérito? Teve. Deu um "nó" ao PSD? Deu. Serviu-se disso e serviu o PSD? Sim, senhor. Passou a campanha toda a responsabilizar o PSD por não ter sabido gerir a divisão interna e os casos de justiça e a oposição por ter, irresponsavelmente, provocado a queda do Governo, e agora quando assinou o acordo já só a oposição foi culpada de tudo? É verdade. Mas também é verdade que, no contexto desta forma de fazer política, como é habitual dizer-se, "sabe andar nisto". A Política não tem sido assim e é assim legitimada pelo eleitorado que vota (os outros 112 mil que não votam, votassem...)

Da segunda vez, com menos sentido, o líder do CDS ainda fez melhor e "obrigou" o PSD a negociar um acordo parlamentar sem qualquer garantia que não fosse chegar ao Representante com 21 deputados contra os 20 do PS/JPP. A contrapartida foi, de novo, a presidência da Assembleia, e de novo Albuquerque "sacrificou" os seus para manter o Governo. Para "queimar" ficaram Tranquada Gomes, José Luís Nunes e Cunha e Silva. Mas Albuquerque precisava e o que Albuquerque precisa, faz...e é legitimado assim.

À terceira, diferente da anterior, os resultados puseram, de novo, José Manuel Rodrigues no colo do PSD. Com uma curiosidade, também única, do CDS estar numa posição decisiva (mesmo a perder votos e só com um deputado), tanto para o PSD como para aquela ideia, difícil de concretizar, mas ainda assim ideia, da alternativa com a oposição toda junta. Tanto para um lado como para o outro, o CDS completava o 24º deputado. O que, convenhamos, num quadro de entendimento político, seria natural esta aliança, mais uma, com o PSD, sendo que desta vez houve o bom senso de salvaguardar a presidência do principal órgão da Autonomia para o partido largamente mais votado. O que não significa mau trabalho de José Manuel Rodrigues no Parlamento, antes pelo contrário, a Assembleia estava apagada, sem chama, e com esta liderança deixou de ser aquele espaço sem visibilidade. Foi positivo, mesmo parecendo, às vezes, um governo parte 2. Mas antigamente, era um Parlamento de parte. E a Assembleia não é para ser governo, mas também não é para fazer de conta.

José Manuel Rodrigues tem os seus méritos no contexto da estratégia de manter o CDS no topo dos acordos mesmo estando no fundo da votação. Tem aqui dois desempenhos diferentes para o eleitorado, é uma coisa em campanha e outra depois dos resultados. Na campanha, demarcou-se do PSD, responsabilizou o PSD (também a oposição) pela crise, fez crer que apontava erros de governação, mas tão rápido arrasou o Governo, do qual aliás fez parte, como rápido fez o acordo sendo a solução que interpreta a vontade do eleitorado.

Do ponto de vista ético e da verdade para o eleitorado, é tudo muito discutível em matéria de procedimentos e de atitudes. Mas o eleitorado quer saber alguma coisa disso? Quer mudar alguma coisa? Vê-se...



 
 
 

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