Não parece muito provável que Miguel Albuquerque tenha condições para defender, internamente, a renovação da presidência da Assembleia para o CDS. Será certamente um dos assuntos mais sensíveis das negociações com Rui Barreto.
Daqui até às eleições muita água vai correr "debaixo das pontes" e as sondagens valem o que valem, são meras tendências de voto num contexto específico que pode ser ou não influenciado por ocorrências políticas que encaminham as respostas para um determinado sentido num determinado momento, que pode nem ter confirmação no dia das eleições, neste caso as Regionais de 2023.
A previsibilidade do PSD não ter a maioria absoluta nem coligado com o CDS, que funcionou como suporte de viabilização governativa em 2019, coloca muitas questões em cima da mesa do PSD Madeira, um partido que levou uma vida a mandar como quis e que conseguiu manter a governação dando a mão a um dos partidos mais críticos dessa hegemonia social democrata de 40 anos, o CDS. E agora? O que se segue face a estas intenções de voto que colocam o CDS numa posição que não será a mais favorável para estar por cima das negociações.
Se em circunstâncias muito especiais o CDS conseguiu liderar o principal órgão da Autonomia, conquista à custa de uma pressão para o PSD poder governar, o que na altura não aconteceria se não fosse o CDS, agora que o cenário parece ser outro, como é que o PSD vai reagir no processo negocial de lugares no âmbito da coligação que irá a votos este ano?
Se havia uma forte contestação interna no sentido de reivindicar para o partido mais votado o cargo mais alto da Autonomia, com situações de desconforto no PSD pelo facto de ter sido entregue ao CDS a presidência da Assembleia, agora essa tensão tenderá a aumentar face à sensação que o PSD, sozinho, ia conseguir ganhar na mesma, além de que, pelas sondagens, o apoio do CDS não chega para a maioria absoluta. Um quadro que coloca José Manuel Rodrigues em "maus lençóis".
Não parece muito provável que Miguel Albuquerque tenha condições para defender, internamente, a renovação da presidência da Assembleia para o CDS. Será certamente um dos assuntos mais sensíveis das negociações com o CDS, além de que várias fontes garantem que CDS está a dar "o passo maior do que a perna" ao apresentar um programa de governo para encaixar no programa da coligação. E os centristas questionam mesmo se não será uma tentativa de antecipação do CDS, que já sente alguma resistência social democrata para colocar o CDS na medida das intenções de voto, que dão 1,2%, pouco para quem quer ter peso numa coligação.
Não se afigura nada fácil a missão de Miguel Albuquerque, que não tendo a vitória em risco, enfrenta um enquadramento que pode obrigá-lo a diversos "golpes de rins", uma realidade que começou a ser desenhada em 2019 mas que pode ser mais difícil em 2023. Além disso, há outro problema: José Manuel Rodrigues tem feito um mandato de grande visibilidade, de notoriedade parlamentar, interventivo em questões essenciais, nada submisso ao Governo, com várias situações de colocar alertas à governação, que provavelmente não ocorreriam se fosse um presidente social democrata no Parlamento, mesmo tendo em conta algum "abrandamento" nos últimos tempos, que pode ter a ver com um acordo Albuquerque-Barreto para haver contenção interna no sentido de não criar hostilidades ou meras críticas mútuas. É mais prudente até às eleições.
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