Dinis Ramos direto para dentro e para gora: "Hoje as redes sociais são o palco de toda a criação, partilha e difusão de conteúdos. A política faz-se num quadro digital para o qual muitos partidos ainda não estão familiarizados".
É o mais recente deputado social democrata madeirense na Assembleia da República e não se sabe se vai ou não manter-se na lista candidata para as eleições nacionais antecipadas de 10 de março, seja com o PSD sozinho, como inicialmente foi admitido, seja em coligação com o CDS, que hoje está praticamente assente. Dinis Ramos entrou para o lugar de Sérgio Marques e enquanto vice presidente da JSD Madeira representa a juventude e personifica uma mudança de quadros que, por norma, leva a uma resistência por parte das estruturas internas dos partidos.
Pois bem, independentemente de ser ou não candidato, Dinis Ramos assumiu recentemente uma posição para a qual é preciso alguma firmeza, relativamente aos novos tempos, à necessidade de renovação, mas sobretudo tocando num tempo diferente da comunicação, diferente daquela que o seu próprio partido vem defendendo com uma certa cristalização de um "modus operandi" completamente ultrapassado na forma como evoluiu a comunicação e acima de tudo a comunicação social, que na Madeira, por ser um meio pequeno, tenta recuperar terreno e remodelar-se mais através dos apoios e das cumplicidades do que propriamente pela inovação de acordo com o mercado que é hoje muito diferente. Os meios de informação de referência só terão essa referência se houver uma adaptação, não só à forma de abordagem dos temas, como à necessidade de nas edições impressas apresentarem uma alternativa às notícias que já circulam por todo o lado há 24 horas.
O jovem deputado do PSD-M tocou no assunto pela forma como pode e deve ser tocado. E era bom que o seu próprio partido acompanhasse as mudanças na comunicação em vez de insistir em fórmulas ultrapassadas de comunicar através de meios que hoje comunicam como se não existisse um mundo comunicacional há muito instalado e que deveria alterar por completo o modo como se apresentam as edições impressas, que vendem cada vez menos, têm tiragens dividosas por comparação com as vendas reais, e o público consumidor é cada vez mais velho.
Dinis Ramos foi o convidado para a sessão de abertura do Parlamento dos Jovens do ano lectivo de 2023/2024, na Escola Básica e Secundária de Machico. Foi aqui que o deputado considerou que "afastar os jovens dos centros de decisão é contribuir para o definhamento dos partidos tradicionais, permitindo o aparecimento de novas forças emergentes, com posições extremistas, e, pior ainda, é estar a contribuir para um descrédito das instituições e do sistema democrático".
Na perspetiva de Dinis Ramos "os partidos políticos fundadores da nossa democracia precisam de se reinventar e ter a capacidade de renovar e apostar em novos quadros para captar o eleitorado mais jovem. Não podemos comunicar como comunicávamos há 10 ou há 20 anos. Hoje os jovens já não consomem os meios tradicionais de comunicação. Hoje as redes sociais são o palco de toda a criação, partilha e difusão de conteúdos. A política faz-se num quadro digital para o qual muitos partidos ainda não estão familiarizados".
E o jovem político continuou a mostrar, para fora mas também para dentro, a necessidade de os políticos aproximarem mais o seu discurso da população. "Uma linguagem mais simples, curta e objectiva", sem que percam a sua matriz ideológica".
Talvez esta dialética, que traduz o mundo real da política/comunicação, explique os medos dos partidos numa renovação mais acentuada. A mudança pode comprometer interesses instalados.
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