Empresa sem funcionários organizou viagem de Albuquerque à Venezuela e o contrato foi assinado pelos administradores de então, que simultaneamente, eram administradores do Diário e do JM.

O JPP veio hoje a público referir que "vai intensificar a componente de investigação dos atos do Executivo regional e das manobras de agências paralelas que estão sob o controlo dos Donos Disto Tudo (DDT".
O secretário-geral do partido, Élvio Sousa, enunciou que o objetivo é trazer a público “quem se alimenta da manjedoura do Orçamento Regional”. Revela o que diz ser “um dos exemplos mais encobertos desta rede de ‘assalto’ aos cofres regionais, a RAMEVENTOS, uma empresa de fachada constituída em janeiro de 2019”.
De acordo com a investigação conduzida pelo JPP, “A Rameventos já faturou, em quatro anos, mais de 1 milhão de euros com entidades públicas, totalizando 27 contratos. O curioso é que esta empresa especializada em organizar jantaradas, convívios e viagens, e que faturou mais de um milhão de euros, não tinha até 2023 um único funcionário registado nos seus quadros, um caso insólito!”
Élvio Sousa contextualiza um momento particular desta empresa: “Recordamos que a Rameventos foi a entidade escolhida pelo Governo Regional para organizar a milionária e faustosa viagem de Albuquerque à Venezuela e cujo processo está a ser investigado pelo Ministério Público”, confirma.
O JPP não refere, mas é de recordar que esta empresa organizou a viagem de Miguel Albuquerque à Venezuela e o contrato foi assinado pelos administradores de então, que simultaneamente, eram administradores do Diário e do JM, totalizando um valor de 90 mil euros mais IVA. Uma empresa, no mínimo, em conflito de interesses pelas funções então desempenhadas pelos administradores, por um lado organizando viagens oficiais e por outro gerindo órgãos de informação.
Na nota hoje enviada, o JPP lembra que a sua investigação "ficou implícito o desconforto dos agentes de comunicação, pelo facto de os dados alegadamente ilegais dos bilhetes de Albuquerque e da sua companheira terem sido emitidos nove dias antes do procedimento concursal, e daquela empresa ligada ao Grupo Sousa, ter sido a única a responder ao concurso apenas 15 minutos antes do fecho do prazo.”
“Importa, também, mostrar a coincidência dos clientes públicos desta empresa satélite ou de fachada do Grupo Sousa serem maioritariamente do PSD e CDS, nomeadamente a própria presidência do Governo, as secretarias regionais, as sociedades de desenvolvimento, as câmaras maioritariamente PSD e a própria Assembleia Legislativa Regional”, refere.
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