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Madeira é para ser desejada, não aborrecida

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 22 de abr.
  • 4 min de leitura


A qualidade está pior, muito pior, na generalidade dos serviços, e o preço aumentou significativamente. Ou seja, o pior está, ainda por cima, caro. E o dia a dia em que a atividade turística é feita a desenrascar, acaba por fazer com que a Madeira seja mostrada depressa e mal.






O volume de turismo que a Madeira vem registando nos últimos anos, sobretudo no pós pandemia, não só quantativamente mas também no figurino relacionado com os mercados de origem e o tipo de turista, apanhou todos um pouco de surpresa. Apanhou de surpresa e a verdade é que a Região ficou a contemplar esse novo surpreendente sem se dar conta das consequências: aumento de turismo, em geral, de turismo mais jovem em particular, de grupos, de famílias, de origens, de tal modo que, também repentinamente, todo o negócio à volta da atividade turística floresceu de forma acelerada. Era como se fosse a "corrida ao ouro", tudo coisas boas, o turismo podia ficar, como sempre foi, a fonte privilegiada da economia da Madeira, já não era precido "puxar pela cabeça" para outra fonte económica como alternativa e diversificação.

Mas surpreendeu, talvez menos depois de estarmos em pleno "boom" o facto de ter inflacionado o mercado, com serviços adjacentes e não só, com a mesma rapidez do "choque" aparentemente bom, e acabou por "atrofiar" os principais pontos turísticos, que por consequência, ficaram quase inacessíveis ao madeirense, em função do suplício que substituiu o prazer, e dos custos que ocuparam o lugar da razoabilidade que vivíamos nessa vertente de negócio. O destino tranquilo de turismo de terceira idade, mudou para um estado mais "selvagem".

A Madeira não estava preparada para este "boom" turístico, por via aérea, com crescimento das operações existentes, a que acresceram novas ligações, e por via marítima, através dos cruzeiros, também este um mercado a crescer. O desenvolvimento do turismo foi visto, pelas entidades públicas, como uma realidade natural e ilimitada, sem que essa visão tivesse sido acompanhada por um pacote de medidas que fossem ao encontro dessa evolução sustentada, o que implicaria colocar ordem na desordem e alguma regulação que permitisse o bem estar do turista sem retirar qualidade de vida ao madeirense. No fundo, uma terra de turismo onde a coexistência com a população residente fosse perfeitamente integrada e não um pesadelo para uns e para outros. Até porque certamente aquilo que o Turismo da Madeira quer é que o turista regresse e não que saia frustrado e farto de um destino que é visitado aos atropelos.

Como se disse, as entidades públicas demoraram a reagir. O presidente do Governo tem a lógica do livre mercado, e em boa verdade funcionaria do ponto de vista teórico, mas essa liberdade deve ser acompanhada por uma regulação que defenda a qualidade e a sustentabilidade do destino, que não asfixie o turista e o residente, que permita manter uma boa qualidade da combinação entre o serviço e o preço, vertente que começa a degradar-se a olhos vistos com a necessidade de importação de mão de obra sem a correspondente preparação profissional. A qualidade está pior, muito pior, na generalidade dos serviços, e o preço aumentou significativamente. Ou seja, o pior está, ainda por cima, caro. E o dia a dia em que a atividade turística é feita a desenrascar, acaba por fazer com que a Madeira seja mostrada depressa e mal.

Mas outro cuidado que as entidades demoraram a admitir prende-se com o tipo de algum turismo que tem caraterizado o mercado da Madeira, que faz procura, também, pela diversão e pelas substâncias ilícitas, o que por sua vez fez aumentar a oferta e novos protagonistas do "negócio", que diariamente fomentam o ganho fácil sem que haja uma capacidade de resposta na prevenção, exigindo assim o recurso ao imediato da atuação, correndo atrás do prejuízo, que por sua vez tem subjacente um problema, que já era grave, e que se agudizou nos últimos tempos, ao ponto da Região estar entre as Regiões de topo nesses consumos. Neste caso, o topo é o fundo mesmo.

Para correr atrás do problema, surge uma notícia dando conta que o Comando Regional da PSP, em articulação com o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM, tem feito um policiamento de visibilidade nos principais pontos turísticos da Região. A preocupação policial tem sido garantir a fluidez rodoviária e condicionar o estacionamento indevido a locais suscetíveis de causar menor perturbação, enquanto estão a ser procuradas soluções complementares pelas entidades governamentais para uma melhor gestão dos espaços".

Como se previa, o comércio dessas zonas "caiu em cima" desta medida. E compreende-se, o negócio está a dar. Mas ninguém pensa que um dia pode deixar de dar se não for agradável para todos. Os empresários devem ser incentivados ao investimento, mas também têm responsabilidades no destino sustentável e responsável. Uma terra sem lei e com visão apenas do lucro e uma Região sem futuro. Por isso, a disciplina assegurada pela PSP só tem um problema: foi tardia.

A Polícia, entretanto, vai sensibilizando: "Aproveitamos assim a ocasião para sensibilizar todos aqueles que visitam estes locais para que possam planear as suas deslocações com a antecedência devida, evitando os picos de maior afluência, utilizando os transportes públicos e/ou estacionando devidamente as suas viaturas de forma a não causar perturbação para o trânsito em geral".

É preciso "recuperar" a Madeira enquanto Região desejada. Não aborrecida...

 
 
 

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