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Foto do escritorHenrique Correia

Manifesto contra Cafôfo põe Carlos Pereira em "prova de fogo"



Seja quem for a liderança seguinte, não pode ficar pelo perder por poucos. Menos do que ganhar é mais do mesmo. Um desafio hercúleo para um candidato que já soube o que é perder eleições.



Carlos Pereira esteve em Budapeste a integrar a delegação da AR para participar e intervir na conferência interparlamentar sobre o novo quadro de governação económica da Europa.


O Diário traz hoje na capa um assunto que tem sido recorrente no Partido Socialista Madeira, uma espécie de preparação, ou repetição, de segunda via, que há muito já se via, para encontrar uma alternativa interna de liderança. Nem se pode dizer que há incoerência entre "portas", uma vez que neste particular o PS-M tem sido coerente, na atitude perante os líderes, na atitude perante a política. O PS-M perde mais tempo a tentar criar as alternativas às suas lideranças do que a criar alternativas de Governo. Se o Governo está em dificuldades, o PS-M põe-se em dificuldades, daí que o nivelamento por baixo permita, ao PSD e ao Governo, manterem a governação com base na defesa do "caos melhor". E, claro, com a complacência de pequenas cumplicidades, plasmadas em acordos parlamentares, cuja sustentabilidade real têm pouco mais do que o voto expresso. 

Colocada esta reflexão sobre o modo comportamental do partido perante si próprio, é preciso reconhecer, por ser verdade, que depois dos últimos resultados eleitorais, a liderança de Paulo Cafôfo ficou mais fragilizada. E também é verdade que um partido como o PS, ainda o maior partido da oposição, não pode ficar à espera que as coisas aconteçam por obra do acaso sem "fazer pela vida". A responsabilidade maior da alternativa está no PS. Ou faz acontecer com uma oposição forte e consequente ou então nada feito relativamente ao seu papel, cada vez mais fraco, de liderança da oposição. Todo este problema de sobrevivência políticado PS-M é bem visível, e quem reflete que o PS-M está pouco dinâmico e pouco incisivo, tem razão, mas é importante que essa reflexão e essa perspetiva de mudança não seja feita apenas pela narrativa de liderança, mas pela criação de um projeto que apresente carisma, confiança, credibilidade, e que saia do próprio partido e, ao mesmo tempo una o partido sem parecer que de seis em seis meses metade do partido toma conta e a outra metade critica.

É realmente preciso fazer qualquer coisa para evitar que sempre que o PSD cai o PS vá atrás. Parece uma fatalidade, mas é uma questão estrutural que vai muito além dos líderes, uns obviamente melhores do que outros, mas todos oposição, nunca governo. E porquê? O PSD soube criar condições que o poder alargado consolida através de uma rede tentacular do ponto de vista político junto do eleitorado, e o PS não foi capaz de contrariar essa postura, inicialmente com lideranças conservadoras que apenas legitimaram a Democracia, depois com mais algum propósito, mas ainda assim "morrendo na praia", designadamente em 2019, onde se deu a grande ascensão que antecedeu a grande queda. Até hoje. 

O anunciado manifesto "Sempre pela Madeira" visa lançar ou relançar Carlos Pereira na liderança do PS, apresentando como subscritores figuras destacadas do partido, designadamente o antigo líder e atual deputado na Assembleia da República Carlos Pereira, a antiga eurodeputada Liliana Rodrigues, o antigo presidente da Câmara do Funchal Miguel Silva Gouveia, o antigo vereador e antigo secretário-geral do PS João Pedro Vieira, outro antigo líder Maximiano Martins e antigo deputado Leandro Jardim, bem como o presidente da Câmara de Machico Ricardo Franco. É uma estrutura com "peso", capaz de se apresentar como alternativa. Mas também vai precisar de tempo para fazer acontecer, num período em que o que não há é tempo. Além de que o grau de exigência, seja quem for a liderança seguinte, não pode ficar pelo perder por poucos. Menos do que ganhar é mais do mesmo. Um desafio hercúleo para Carlos Pereira, se for esta a escolha vencedora, uma figura que já soube o que é perder.

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