Miguel Albuquerque "irritado" com recusa do opositor interno.

Manuel António Correia foi o candidato derrotado nas últimas internas no PSD-M, mas os números dessa derrota revelaram uma clara divisão no partido e deram visibilidade a divergências sobre o modelo de governação, partidária mas também Regional. Mostraram, ainda, que Miguel Albuquerque não tem a hegemonia que já teve e a sua resistência a um novo confronto, com travão das estruturas pelo meio, é indiciadora de algumas reticências relativamente a mais um confronto interno que pudesse confirmar fragilidades ou até mesmo correndo o risco de eventual mudança
Neste contexto, depois de fechar a porta a novo pedido de eleições, Miguel Albuquerque tem vindo a afirmar a sua disponibilidade para unir o partido, talvez acreditando que os entraves processuais internos criados à candidatura de Manuel António possam não passar de um determinado patamar sem consequências. E talvez não seja bem assim, só os resultados dirão. O líder disse estar aberto aos críticos, integrá-los de alguma forma, designadamente Manuel António Correia. Sem sucesso. Albuquerque fez convites indiretos a essa integração, mas sabe-se agora que também concretizou, oficialmente, essa abertura junto do próprio Manuel António, a quem terá proposto figurar como número dois da lista de deputados à Assembleia Regional e, numa segunda hipótese, ser candidato do PSD à Câmara Municipal do Funchal nas eleições autárquicas deste ano. Em ambos os casos, com uma recusa de Manuel António, que defendeu a tese da mudança e não do tacho.
Diversas "fontes" ligadas ao processo garantem que Albuquerque queria fechar esta "pedra no sapato", convencido que se resolvesse o problema esbatia ou eliminava mesmo a contestação. A nega levou, por isso mesmo, a uma reação negativa de Albuquerque, ficou irritado com a recusa ganhou maior dimensão a sua luta pela maioria absoluta utilizando todos os meios possíveis. Quer demonstrar que é a única solução, para o PSD-M e para a Região.
Já Manuel António Correia marcou posição junto dos apoiantes e fez questão de sustentar a tese de pretender ser alternativa para um novo modelo de liderança do partido, o que não se resolve com qualquer cargo mas sim vencendo eleições e colocando em prática um outro figurino governativo que o diferencia de Albuquerque, como tem afirmado.
Recorde-se, aqui e agora, parte de um comunicado tornado público por Manuel António relativamente à sua posição sobre o partido e os cargos:
"Os Madeirenses e Porto-santenses conhecem a nossa posição sobre o rumo que o Partido e a governação da Região estão a seguir, que se afasta do verdadeiro interesse da Madeira. O nosso caminho diverge profundamente daquele que a atual liderança decidiu trilhar. Como social-democrata, defende-se uma visão diferente para a Madeira e para o PSD, alicerçada na estabilidade, no compromisso com os cidadãos e no fortalecimento democrático do partido. Neste contexto, torna-se evidente que não é possível encontrar consensos com o projeto liderado pelo Dr. Miguel Albuquerque. Por essa razão, não se poderá nem se irá desiludir os Madeirenses que acreditam no nosso projeto e caminho, verdadeiramente comprometido com os interesses da Região e com os Valores do partido.
Por isso, para preservar a nossa coerência e convicções, tornamos claro que não será possível a associação a qualquer lista encabeçada pelo atual presidente, cuja postura não defende o superior interesse da Região Autónoma da Madeira e do PSD, mantendo-nos determinados nos propósitos pelos quais vimos lutando e que melhor servem o partido, os seus militantes e a população em geral".
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