Nuno Morna "desmontou" os apoios para uma comunicação social forte, independente e livre considerando que o MEDIARAM "não dá força nem dá liberdade à informação".
Foi interessante o debate sobre a] proposta de atualização do MEDIARAM, o programa de apoio à Comunicação Social Regional. Foi sobretudo interessante ouvir quem dá o dinheiro, mas também quem apoia, dizer que a canalização de verbas do Governo dá independência financeira. Se há coisa que não dá é independência financeira face ao Poder Público. Como disse o deputado da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, o apoio não é para os jornalistas mas sim para as empresas, é como se o Governo estivesse a financiar as notícias. E assim, independência é que não dá.
O princípio de que os órgãos devem ser apoiados, de igual modo, uma realidade que é mais justa do que um qualquer apoio a um só órgão oficial, como no passado, surge com alguns contornos positivos e de facto mereceram, no Parlamento, uma aprovação generalizada, com um não da Iniciativa Liberal, partido muito crítico relativamente à dependência que este apoio permite, o que corresponde a um obstáculo na prossecução de uma comunicação social livre e plural.
Claro que num meio pequeno, sem recursos, a informação livre é mais difícil face à perda de receitas da publicidade e, por via disso, à necessidade de ajudas oficiais. Mas tendo em conta que as empresas fecham sem esses apoios, o importante é que as mesmas não utilizem essas verbas para outros fins que não sejam a reestruturação tecnológica e a formação dos quadros profissionais. Até porque além do MEDIARAM, o Governo mete dinheiro nos jornais, e não é pouco, através de publicidade das secretarias com planos anuais estabelecidos, seja ou não necessária e urgente essa publicidade, acordos para iniciativas, viagens através de uma empresa administrada pelos dois jornais, o que globalmente transforma a ajuda oficial de apoio indiretos muito superior ao MEDIARAM.
Como disse a deputada do PAN, Mónica Freitas, os apoios são importantes mas a sua implementação deveria ser alvo de acompanhamento para verificar o cumprimento dos objetivos constantes da proposta.
A proliferação, nas redes sociais, onde circulam, além de informações verdadeiras e não publicadas nos apoiados órgãos de referência, algumas falsas, é realmente uma zona ainda não "controlada" pelos poderes, foi um dos argumentos usados, tanto pelo PSD como pelo PS, neste caso em sintonia na relevância dos apoios para uma comunicação mais forte, mais livre, mais plural, tudo o que Nuno Morna "desmontou" considerando que não dá força, não dá pluralidade nem dá liberdade à informação em Democracia.
O secretário regional da Educação, que foi ao Parlamento defender a proposta, deu ênfase aos objetivos oficiais assentes na defesa de uma informação credível, estruturada numa empresa, com rosto, contra a desinformação. Não falou, curiosamente, das informações também credíveis e sustentadas, com rosto, que fogem a esse "crivo" das empresas de referência e que, neste caso para bem da Democracia, oferecem indicadores que nunca seriam públicos neste enquadramento oficialmente definido. E sem apoios. São novos tempos e novos desafios que tanto a comunicação social tradicional e os poderes têm dificuldade em "digerir". Na reação e na criatividade para ultrapassar as dificuldades de mercado.
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