"Não escavem mais o fundo do poço, retirem-se de uma vez..."
- Henrique Correia
- 22 de mai.
- 3 min de leitura
Carlos Pereira, eleito por Setúbal, deixa mensagem para o PS-M. Mas esta posição dá para refletir: para começar de novo, não pode pensar como sempre pensou, com os mesmos personagens e com as mesmas ideias.

Não se sabe se Carlos Pereira vai esperar sentado para ver o que acontece no PS-M.
O antigo líder do PS Madeira e atual deputado na Assembleia da República Carlos Pereira, eleito por Setúbal depois de não ter sido incluído nas listas do PS Madeira, também não tinha sido escolhido nas anteriores, pede aos dirigentes do PS Madeira para abandonarem a liderança na sequência de derrotas sucessivas por números impensáveis há uns tempos. A liderança de Paulo Cafôfo, que já foi candidato forte e já foi visto como uma grande hipótese da oposição ganhar eleições, designadamente provada em 2019, caiu num patamar de perda muito grande, colocando assim em perigo o próprio futuro do partido com alguma relevância.
Carlos Pereira é crítico, mas não avançou. Miguel Gouveia é crítico, mas não avançou e nem o faz para um lugar que conhece bem, a Câmara do Funchal, e onde provavelmente poderia ter alguma hipótese face ao candidato do PSD, com um perfil menos executivo, independentemente do percurso profissional. Terá perfil para presidente da Assembleia Municipal, terá menos para presidente da Câmara, falta saber se o número dois terá.
Portanto, o PS perde em larga escala com Cafôfo, mas na verdade o que está a incomodar os socialistas é mesmo as dimensões destas últimas derrotas, uma vez que perder, em eleições regionais e nacionais, tem sido o estado natural do PS-M em Democracia na Madeira, inclusive quando Carlos Pereira foi líder. O que aqui está em causa, no universo socialista, é encontrar um candidato que estanque este movimento de descida, não tanto que ganhe eleições. Para já. É como se começasse de novo. E para começar de novo, não pode pensar como sempre pensou, com os mesmos personagens com as mesmas ideias e com os desavenças que levam, inevitavelmente, a ajustes de conta. O PS-M não precisa de continuar a perder por mais ou menos, o objetivo é fazer diferente e não se faz diferente com os mesmos. O líder do PS-M não pode apenas ganhar destro, isso é fácil, é preciso ganhar fora e expandir o universo eleitoral.
Carlos Pereira, que já experenciou a liderança, escreveu, após as eleições, que "por várias vezes, em circunstâncias diferentes e num contexto regional , disse que os líderes devem ser capazes de ter a humildade de reconhecer as derrotas , evitar meter a cabeça na areia e mostrar que têm sentido de responsabilidade, grandeza institucional e capacidade para ajudar a instituição que lideram a encontrar um caminho que permita a recuperação da confiança do eleitorado. Este comportamento engrandece a instituição e permite uma reflexão aberta, plural e construtiva . Não é nada fácil , mas quem o faz sem tibiezas é grande e digno . Foi isso que fez Pedro Nuno Santos e o partido deve saber reconhecer".
Com uma nota para o PS M : "Por favor não escavem mais o fundo do poço . Retirem-se de uma vez e libertem o partido para a indispensável mudança antes que seja tarde . Uma palavra final para os madeirenses que, apesar de não ter sido eleito no meu círculo, sabem que podem sempre contar comigo . Que eu estou Sempre Com a Madeira. Um bom dia a todo".
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