Ninguém ganha eleições "agarrado" a Cavaco e a Passos Coelho
- henriquecorreia196
- 27 de nov. de 2023
- 3 min de leitura
O PSD promete dar mais e não se pode pedir votos colados a quem tirou mais, por muito positiva que tenha sido a prestação no PSD e no governo nessas épicas de crise.

É pena que o novo líder do PSD tenha optado por não apresentar um novo futuro político do partido com uma identidade própria, obviamente respeitando o legado deixado pelos líderes, mas sem os exageros de os colocar como "bandeiras" para as eleições legislativas nacionais de 10 de março. A excepção foi, é e será Sá Carneiro, uma figura incontornável que ficará para a história e nem foi pelo tempo de governação mas pelo carisma e pela forma como foi a sua morte transformando-o num símbolo de todos os líderes.
Ninguém ganha eleições "agarrado" a Cavaco Silva e a Passos Coelho, muito menos numa conjuntura de grandes dificuldades dos portugueses. E não vale a pena o PSD perder tempo em explicar que Passos Coelho fez o que fez porque Sócrates deixou o País como deixou, que Passos Coelho fez o trabalho de recuperação, não vale a pena andar a dizer isto porque o eleitorado não quer saber e os que se lembram a primeira coisa que vem à cabeça são os subsídios de férias e de Natal perdidos e medidas que foram além da "troika". O PSD não tem tempo de explicar o que fez Passos Coelho, que Montenegro era o líder parlamentar e fica ligado a Passos, o PSD atual deve deixar Passos Coelho onde ficou, deve deixar Cavaco onde ficou, simplesmente porque Cavaco teve o seu tempo, mas hoje não é popular, não dá votos, antes tira votos, por muito hino que queiram "cantar" os atuais dirigentes.
Montenegro não tem carisma, não tem dimensão de grande estadista, mas compreende-se que a crise política estalou repentinamente e o PSD só pode viver com o que tem para ir a votos, neste momento é Montenegro. Mas mesmo valendo pouco, se vai com Passos Coelho numa mão e Cavaco na outra, então é derrota pela certa. Só quem não conhece o eleitorado é que pode achar que são mais valia neste momento. As razões sociais, na atualidade, são prioritárias, o PSD promete dar mais e não se pode pedir votos colados a quem tirou mais, por muito positiva que tenha sido a prestação no PSD e no governo nessas épicas de crise. O que está para trás, está para trás. E se o PSD insistir nessa estratégia, verá o resultado.
Claro que o PSD saiu mobilizado no Congresso. É natural, está há muito tempo fora do poder, esta é uma oportunidade histórica, e o importante, na militância pura e dura, bem como da cegueira partidária, é puxar por Montenegro para retirar o PS do poder e reconquistar a governação social democrata, coligado ou não, logo se vê. Este é o propósito, legítimo, do PSD.
Outra coisa diferente é a realidade. O eleitorado reage pelo individual, há uns anos também pelo protesto, um fenómeno que tem sido visível na Europa.l e que tem beneficiado alguma demagogia e populismo. O eleitorado reage pelo imediato, só uma faixa pequena avalia pelos conteúdos e pelo passado. Mas é pouco. Mas em primeiro lugar, para criar mobilização é preciso ser-se mobilizador. E ser mobilizador não é falar mais forte, é simplesmente falar com o que se tem. O que não se tem, não se pode dar...
Comments