O primeiro-ministro vai certamente tentar passar "entre os pingos" da chuva. Mas é importante que "puxe as orelhas" do seu governo e mostre, publicamente, que não alinha nestas "habilidades" e "chico espertices"
O Governo de António Costa não tem sossego. E não tem sossego por culpa própria, nem é pela oposição, é mesmo por aselhice nas escolhas e falta de transparência das pessoas escolhidas, de algumas pessoas claro, mas começam a ser muitas por sinal
O Presidente, na sequência da proposta do Primeiro-Ministro, o Presidente da República aceitou a demissão do Secretário de Estado da Defesa do XXIII Governo Constitucional, Marco Alexandre da Silva Capitão Costa Ferreira.
Uma demissão por ser arguido num caso de corrupção e participação económica em negócio envolvendo a construção do Hospital Militar. Polícia e Ministério Público estão com buscas.
Este novo caso vem dar sequência a um conjunto de erros cometidos por este Governo da República, em vários Ministérios, com episódios primários na gestão pública de dossiers importantes, que só não têm outras repercussões precisamente por dois factores: um primeiro-ministro forte, que está a salvar o Governo por "arames", e uma oposição fraca, que apesar das tentativas não consegue convencer os portugueses da existência de alternativa. E estes dois factores têm sido determinantes para manter o Governo PS sem grandes penalizações, o que seria impensável se houvesse um governo cheio de casos e ainda por cima com fraco líder, bem como uma oposição que demonstrasse preparação para governar, nesse caso já teria caído o Governo.
Mas tudo tem um limite. O Governo da República, mesmo com Costa a manter-se "fora de água", está já sem créditos e deixa o Chefe de Estado sem espaço de manobra para segurá-lo. Começam a faltar argumentos e mesmo com Montenegro sem convencer, a manter-se esta instabilidade governativa, ainda que sem ter a ver diretamente com a governação corrente, o PS terá muita dificuldade para evitar a erosão ocorrida pelos inúmeros casos.
António Costa já deve ter percebido que um Governo "aparelhista" do ponto de vista político partidário, pode até dar lealdade, mas não garante competência e elevação moral que deveria ser condição para quem desempenha estes cargos públicos. Mesmo admitindo que a noção hoje vigente sobre o exercício de funções públicas anda muito por baixo, com os reflexos correspondentes. E esta realidade não é exclusiva do PS, mas antes é transversal a partidos que têm poder, quer nacional, quer regional, quer local. Tudo o que mexe em dinheiro é uma tentação.
O primeiro-ministro vai certamente tentar passar "entre os pingos" da chuva. Mas é importante que "puxe as orelhas" do seu governo e mostre, publicamente, que não alinha nestas "habilidades" e "chico espertices" de quem se aproveita do cargo público para daí tirar benefícios em proveito próprio. Não se pode inferir que foi o caso em avaliação, cuja investigação está a decorrer, mas a verdade é que particularmente o PS, na República, tem andado com o azar atrás da porta. Azar ou falta de jeito...
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