"A quem se arvorou em crítico das estratégias anteriores, mas não fez mais do que atirar pedras, impõe-se agora uma obrigação: alcançar, finalmente, o tão ambicionado grupo parlamentar".

O ainda deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, não está nada satisfeito com a forma como os novos dirigentes do partido, na Região, estão a tratá-lo na praça pública. Conquistou um lugar no Parlamento e, de repente, exigiam dois deputados, como se fosse fácil para qualquer um. O próximo ato eleitoral dirá se é assim.
Num comunicado, Nuno Morna refere que "nos últimos dois dias, o Coordenador da Iniciativa Liberal Madeira achou por bem, directa e indirectamente, invocar o meu nome. Fê-lo, no entanto, com uma desfaçatez que não posso deixar de sublinhar, cometendo imprecisões gritantes, que só por manifesta má-fé podem ter passado pela sua cabeça.
A Representação Parlamentar da Iniciativa Liberal na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira não apresentou qualquer Projecto de Resolução sobre a alteração da Lei Eleitoral da Madeira no que concerne ao voto antecipado e em mobilidade. Aliás, tal iniciativa seria de um simbolismo fútil, sem efeitos práticos.
O que a Representação Parlamentar fez, e por duas ocasiões nas duas últimas legislaturas, foi submeter à Assembleia da República uma Proposta de Lei, cujas consequências concretas se fizeram sentir ontem, com a aprovação unânime no Parlamento Nacional, o que muito me apraz.
Convém ainda esclarecer que as alterações agora aprovadas na Assembleia da República, no que diz respeito ao voto antecipado e em mobilidade, tal como previamente validadas pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira por unanimidade, resultam dessa mesma Proposta de Lei da Iniciativa Liberal. Fica, pois, patente o desconhecimento ou o deliberado obscurecimento por parte do Coordenador da IL Madeira quanto às diferenças fundamentais entre um mero projecto de resolução e uma proposta legislativa que, vinculando juridicamente, produz resultados efectivos. E é por isso que vamos ter voto antecipado e em mobilidade.
Por isso, é um erro flagrante afirmar o contrário, insinuando que a Representação Parlamentar carece de noção do seu papel legislativo. Não sei o que se pretende com semelhante disparate, mas seguramente não é honrar a verdade ou o trabalho parlamentar.
Quanto ao tão proclamado “novo ciclo”, resta notar que este não deveria significar práticas inertes, muito menos um recomeço vazio. Foi um clamor quase apocalíptico por parte de quem agora assume as rédeas do partido na Região, rodeado de pessoas que justificavam a substituição da liderança com o falhanço eleitoral de Maio de 2024, que não nos permitiu eleger dois deputados. Um facto, sim. Contudo, não é agora admissível que o novo ciclo se limite a uma gestão de “serviços mínimos”. A quem se arvorou em crítico das estratégias anteriores, mas não fez mais do que atirar pedras, impõe-se agora uma obrigação: alcançar, finalmente, o tão ambicionado grupo parlamentar. Nada menos.
Agradeço as palavras elogiosas quanto ao meu desempenho no Parlamento Regional. Mas sejamos claros: o trabalho foi sempre colectivo, contando com uma equipa indispensável e o apoio de muitos, que, por opção ou decoro, preferiram o anonimato. Até junho do ano passado, foi a anterior Coordenação quem deu um suporte essencial; da actual direcção do partido, nunca houve um único gesto de colaboração. Nunca. Pelo contrário: o que fizeram foi atrapalhar. E atrapalhar com zelo.
Um ponto final noutro erro: não fui apenas fundador da Iniciativa Liberal na Região. Fui um dos fundadores do partido a nível nacional, o único madeirense nesse grupo restrito. Esta tentativa de reescrever a história — digna de um estalinismo primário — é lamentável e profundamente anti-liberal. Não é, aliás, a primeira vez que tentam apagar a minha existência. Agora sou eu que o peço: apaguem mesmo. Exijo que me deixem em paz. Ignorem que existo, como sempre o fizeram até aqui enquanto estrutura dirigente. Ficar-lhes-ei grato.
Finalmente, declaro que, até ao dia das próximas eleições — sejam elas quando forem —, manter-me-ei em absoluto silêncio, e não darei a ninguém o direito de usar o meu nome para os seus propósitos. Vou andar por aí, atento, porque há mais vida para além da política partidária.
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