Talvez não seja suficiente as estratégias dos partidos passarem exclusivamente pelos media tradicionais. A coligação não conseguiu fazer passar a mensagem suficiente para a maioria absoluta, apesar do investimento e apoio sem precedentes.
Agora que o PS tem um candidato que historicamente se bateu no palco da comunicação social, desde sempre na Câmara do Funchal e depois na candidatura a presidente do Governo e lider do PS-M, mas também enquanto secretário de Estado das Comunidades, será interessante seguir a política regional nos próximos quatro anos também sob o ponto de vista de duas estratégias semelhantes nos media, embora com diferentes meios que o poder confere e que a oposição não dispõe.
Uma estratégia sempre adotada pelo PSD, de forma reiterada, mas rapidamente assimilada pelo contexto Cafôfo, por acaso com alguns resultados visíveis, mas com um final como todos os outros finais com o mesmo figurino: só ganha um com a mesma fórmula num mesmo palco. E normalmente ganha quem tem mais experiência, mais meios, mais suplementos e maior diversidade de fontes de receita para oferecer relativamente a serviços. É preciso um desenho para ver as diferenças? Claro que não. A tentação de aparecer é superior ao raciocínio e à reflexão sobre o que faz realmente a diferença. E será curioso acompanhar essa linha de atuação, que aliás já se fez sentir nestes dias de nova candidatura ssocialista. Talvez apostando num princípio de usar as mesmas "armas" do adversário.
Como o poder também o faz há muitos anos, com conhecida opção que, no fundo, é a de maior expansão dentro de um conceito de expansão cada vez menos adaptável à comunicação social escrita, bastando para isso lembrar as tiragens do passado, claramente superiores aos dias de hoje, sobretudo no que diz respeito ao Diário que aos domingos chegou a ter tiragens que ultrapassaram os 20 mil exemplares. Hoje, andará pelos 10/11 mil.
É por tudo isto que se torna muito interessante seguir este "duelo" Cafôfo/Albuquerque nos media. E relativamente à oposição, mas também ao poder, no caso foi autárquico, Cafôfo tem mais "escola" do que Sérgio Gonçalves, por isso pode fazer melhor. Depois, será uma questão de ter mão nas facções internas e ter depois a confiança do eleitorado, sabendo sempre que uma estratégia com base nos media tanto dá muito como pode tirar tudo. Mas também já conhece isso muito bem.
Serão quatro anos curiosos, primeiro no período até às eleições socialistas, depois no posicionamento de Cafôfo para tentar repetir e até melhorar, em 2027, o que fez em 2019. É sempre mais fácil para Miguel Albuquerque, que assenta muita da sua estratégia global nos media, como se sabe e se vê.
No entanto, é importante ter em conta o panorama da comunicação hoje. Uma coisa são as entidades oficiais terem órgãos de referência, a quem garantem apoios diversos como meio de, em contrapartida, comunicarem o que querem e como querem, outra coisa é a forma de comunicar com os eleitores, que hoje é vasta e que se situa num plano incontrolável para quem tem a pretensão de controlar. E onde já podemos encontrar informação credível que não é publicada pelas referências e que não é por isso que deixa de merecer a atenção por parte das pessoas, que também já se habituaram a fazer a distinção entre o que podem ler e o que não devem ler por superficialidade e especulação gratuitas. Como em tudo, até nas referências, há bom e mau.
Posto isto, talvez não seja suficiente as estratégias dos partidos passarem exclusivamente pelos media tradicionais. E bastará para isso ter em conta que a coligação não conseguiu fazer passar a mensagem suficiente para a maioria absoluta, apesar do investimento e apoio sem precedentes.
Uma realidade para reflexão.
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