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Foto do escritorHenrique Correia

O "ferry" não é para dar lucro, é para fazer serviço público



Os madeirenses não querem fazer ninguém perder dinheiro. O que querem mesmo é poder viajar de barco para o continente como opção de serviço público. Mais nada.




A questão dos transportes marítimos de passageiros tem sido "empurrada com a barriga" por parte das entidades que, na realidade, deveriam estar na linha da frente da defesa de um serviço público que sirva as populações das ilhas e que cumpra o princípio, que deve estar consagrado, da continuidade territorial, que de resto se aplica ao transporte aéreo. Desde logo, responsabilidade do Estado, em primeiro lugar, depois com o envolvimento da Região, numa segunda linha, uma dialética que não deve obedecer a visões partidárias mas sim a visões comunitárias. O que não tem acontecido.

O "ferry" não pode ser visto, apenas, pela questão do lucro, se bem que em matéria de viabilidade económica haveria muito a debater sobre taxas, sobre aproveitamentos no transporte de mercadorias, sobre transporte de viaturas, que tudo junto poderia colocar em causa alguns interesses instalados. Mas vamos admitir, realmente, que a exploração da linha não seja negócio atrativo. Se calhar não é mesmo, só fazendo bem as contas de quanto se gasta e quanto se quer ganhar ou não se quer perder. Seja como for, não podemos estar perante uma análise do ponto de vista exclusivamente virado para a viabilidade económica, é preciso cumprir Portugal também na Madeira. E os transportes representam uma preponderância acrescida para quem vive nas ilhas. Como acontece nas Canárias, onde o problema está bem resolvido e são várias ilhas.

Estamos numa ilha, somos Portugal, portanto é importante a garantia de transporte de passageiros por via aérea mas também por via marítima. É serviço público. E sendo o Estado responsável por encontrar uma solução, não pode o Governo Regional se colocar de fora de uma resposta articulada. Uma espécie de OID, uma Operações Integrada de,Desenvolvimento dessa solução. Certamente que assim, não faltarão interessados na concessão da linha, nesse contexto já apetecível a operadores externos mas também internos. É colocar a linha no mercado livre e ver quem oferece as melhores condições.

O que não pode continuar a acontecer é este sistemático adiar de soluções e fazer crer aos madeirenses que qualquer operador da linha, por 3 milhões durante três meses, para 12 viagens, ainda faz um favor à Região ao perder dinheiro. Os madeirenses não querem fazer ninguém perder dinheiro. O que querem mesmo é poder viajar de barco para o continente como opção de serviço público. Mais nada.

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