Se esta "Hora D" for tão Decisiva de Mudança de estilo, no Governo e na Oposição, como a Política na Madeira em vigor há 48 anos, então Miguel Albuquerque pode ir a votos sem se mexer.
A forma de fazer política, na Madeira, parou no tempo. Muito partidarizada, muito fraca do ponto de vista da criatividade, muita "navegação à vista", muita decisão centralizada em lideranças com falhas de sentido de Estado, reagindo a quente e mal, que em síntese têm uma característica comum: falam muito, ouvem pouco, sendo que as assessorias, por muito que façam, são meros "fios condutores" de comunicação quando por vezes até são especialistas em comunicação e deveriam ser peças fundamentais ainda que sob validação política superior, porque se trata de assessoria política, embora num quadro de recrutamento que, também ele e em alguns casos, está enviesado na forma e no conteúdo.
Es bem da verdade, este quadro é mais ou menos transversal, as assessorias deveriam servir para assessorar e aconselhar procedimentos e estratégias, mediante as quais os líderes posicionavam-se publicamente, mas não, são meros repositores daquilo que os líderes ou alguns intermédios com "apetites inconfessáveis" de jornalismo/comunicação decidem, em cada momento, numa planificação isolada e, não raras vezes, tropeçando em palavras e atitudes que em muitos momentos levam a questionar o papel concreto dessas mesmas assessorias e o respeito que deveriam merecer, e não merecem, por parte das lideranças, que ainda vêem aqueles cargos de gabinete como de confiança para um sim permanente e não uma forma de poderem evitar asneiradas pelas quais acabam por pagar caro, politicamente, em vários momentos.
Os políticos, sobretudo com aquela matriz de poder absoluto, sabem tudo e de tudo. São como aqueles "treinadores de bancada", mas da Política geral, nem precisariam de adjuntos e assessores, não fosse a necessidade de preencher lugares que acabam por ser para todo o serviço menos para o que efetivamente deveriam ser canalizados.
O quadro político da Madeira é igual desde sempre, com pequenas nuances que conduzem a uma intenção de mudança mas sem muito rumo. Os eleitores querem mudar mas parece que não sabem nem como nem com quem. E vão mudando, a medo, sem mudar efetivamente. E assim, o mesmo estilo de Governo e o mesmo estilo de oposição dão os mesmos resultados. Com maior ou menor negociação, com maior ou menor condução de políticas, um enquadramento que acaba por facilitar quem governa.
Vamos ser claros: o que mudou desde as últimas eleições regionais? Qual foi a diferença efetiva da falta de maioria absoluta? Qual foi o aproveitamento que a oposição fez do facto de haver uma realidade diferente na conjuntura parlamentar? Qual foi a negociação séria, a reivindicação visível que deu problemas ao Governo e canalizou benefícios efetivos e concretos para as pessoas? Quais os dividendos políticos, aproveitados pela oposição, relativamente à fragilidade do presidente do Governo, do Governo e do próprio PSD, em resultado dos processos judiciais, ainda que tendo em conta a presunção de inocência?
E é assim que estamos uma nova "Hora D" no Parlamento da Madeira. Já tivemos várias, o Governo já tropeçou tanto e muitos desses tropeções coincidiram com escorregadelas do PS, um chamado "azar dos diabos" a que este partido já nos habituou com a exceção de 2019 onde "morreu na praia", e que parece ter acabado com as esperanças, ao ponto de não mais merecer a confiança do eleitorado e entrar em perda de protagonismo para o JPP e para o CHEGA, aquele com maior mérito e consistência.
Mas depois dos incêndios, a retoma da atividade parlamentar torna-se de grande expectativa. Como está a oposição a trabalhar para lançar uma eventual estratégia além das esgotadas conferências de imprensa e visitas aos mesmos lugares com as mesmas pessoas? Que negociações estão em curso para o caso de ser necessário enfrentar um novo quadro político? Que soluções alternativas estarão a ser pensadas com leituras diferentes, com eventuais pessoas diferentes para procurar resultados diferentes e obrigar o Governo a trabalhar também melhor e diferente?
Se esta "Hora D" for tão Decisiva de Mudança de estilo, no Governo e na Oposição, como a Política na Madeira em vigor há 48 anos, então Miguel Albuquerque pode ir a votos sem se mexer que ainda ganha isto mesmo deixando pelo caminho, como tem acontecido, muito eleitorado.
Falta isto para o "fundo..."
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