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  • Foto do escritorHenrique Correia

Os clubes têm "donos" e os sócios fazem de conta



É preciso envolver os sócios. Mas os sócios também devem fazer a sua parte. Se querem uma grande equipa, trabalhem para isso e depois intervenham para exigir responsabilidades.




O que se passou na última Assembleia-Geral do Nacional diz muito daquilo que são os clubes madeirenses de alta competição, desde há muito tempo, uns mais do que outros, mas todos iguais na génese enviesada da gestão e da dimensão real. O Governo mete dinheiro, os gestores administram e os sócios, que pagam pouco para a amplificação do que criticam, fazem de conta que contam alguma coisa mas efetivamente pouco decidem e quando são chamados a dar voto na matéria já é conversa para ficarem calados até que passe a decisão.

Num momento de grande relevância para o clube e para a SAD, a entrada de capital privado, apareceram poucos sócios do Nacional e até numa caricatura da realidade o antigo presidente da Assembleia-Geral do clube fez as contas e concluiu que os 32 votos são da Direção mais o grupo "Os Alvinegros". Miguel Sousa, que por acaso falou de quem não esteve mas também ele próprio esteve ausente, como já tinha revelado, certamente por um motivo de força maior, fez várias publicações na sua página do Facebook, algumas delas comprometedoras para a atual direção liderada por Rui Alves. Miguel Sousa escreveu, por exemplo: "O Nacional está podre; limpem a porcaria" ou "O Nacional não precisa de investidores. Precisa urgente de investigadores. Polícia".

Nesta parte, não me meto. O Dr. Miguel Sousa lá sabe do que fala. Apenas fica o registo de algumas situações que colocam em causa uma realidade que devia preocupar quem mete o dinheiro para escrutinar a respetiva aplicação sem ser o desbaratar como se fosse a lógica do pontapé cego na bola.

Para mim, o problema do Nacional, que está em risco de descida, mas também do Marítimo que corre igualmente esse risco, mas na Liga, é terem mais adeptos do que sócios, mais apoios morais do que materiais por parte dos que se dizem Nacional e Marítimo do coração, deixando nas mãos dos "donos" a decisão do futuro e o exercício dos expedientes que raramente passam pelas mãos dos sócios. Poucos se importam com as finanças dos seus clubes. Não pagam para isso, sujeitam-se portanto às consequências das opções financeiras e nas escolhas desportivas.

Não sei se é clube único, se é representativo, se é com as cores do Marítimo e as camisolas do Nacional. O que sei é que a gravidade da situação desportiva do Marítimo e do Nacional, se não for "salva" para manter as equipas nos respetivos patamares competitivos, vai obrigar certamente a uma reflexão sobre os apoios públicos e a devida correspondência na prestação desportiva de alta competição. Não é para acabar com os apoios, é chamar "à pedra" quem gere, apertar o escrutínio e fazer com que os clubes madeirenses da I e II Ligas tem uma representatividade que vá além do que decidem os presidentes e mais meia dúzia.

É preciso envolver os sócios. Mas os sócios também devem fazer a sua parte. Se querem uma grande equipa, trabalhem para isso e depois intervenham para exigir responsabilidades.

Enquanto os clubes viverem do Governo a dar cobertura às administrações e as administrações a darem cobertura ao Governo, com os sócios sentados de bancada, nunca mais teremos organização e dimensão reais.

A continuar como está, vamos ter uma fachada maior do que o conteúdo. Só vai dar para os "donos daquilo tudo".

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