"Os DDT festejavam num restaurante cada derrota do Marítimo"
- Henrique Correia
- 17 de mai.
- 3 min de leitura
"Continuarei a pagar quotas mas deixarei, a partir de hoje, de frequentar os estádios onde jogar o Marítimo"

"Por ora vou me retirar e rezar para que em vez de vender jogadores…vendam outros activos do clube. Adeus".
O médico Eugénio Mendonça, ex-dirigente do Marítimo na gestão de Rui Fontes, fez hoje uma publicação de desabafo e crítica, no dia em que o clube terminou, com uma derrota caseira, mais uma época de fracasso na Liga2. E um clube que consolidou a permanência na I Liga, de repente "rejubila" com a manutenção na II Liga, tal o descalabro de um percurso em descida.
Eugénio Mendonça escreveu, no Facebook, que se arrepende de ter assumido cargo dirigente. Diz que "desde o primeiro momento deu para perceber que os “ donos disto tudo” fariam o possível e impossível para rebentar com tudo…."
O médico, maritimista de coração, fez esta publicação que certamente fará refletir sobre o passado, o presente, mas sobretudo o futuro do clube:
"Desde que me conheço como gente, corre-me nas veias um sangue rubro tingido de verde! O meu Maritimo é uma das minhas paixões. Disse várias vezes como fraco e tendencioso comentador que nunca seria dirigente deste clube porque achava que o clube teria muitos candidatos com competência e capacidade bem superiores à minha. Mas descuidei-me!!! Num momento de aperto, o clube se arrastando no fundo da tabela classificativa, e após convite de Rui Fontes , aceitei o cargo de vice presidente numa lista candidata. Agora reconheço que foi um erro! Não tinha nem tenho capacidade para ser dirigente deste grande clube. Desde o primeiro momento deu para perceber que os “ donos disto tudo” fariam o possível e impossível para rebentar com tudo….um relvado impraticável e pedir para jogar na Choupana; um plantel com qualidade mas desmotivado e desequilibrado; os sócios afastados e as claques tratadas abaixo de cão… enfim a primeira época decorreu com o objetivo conseguido: a manutenção.
Depois é o caos ,treinadores,jogadores desentendimentos e culmina com a descida de divisão. Dor incontrolável e de memória dura e fria.
Os DDT, que se mantinham em festejos num restaurante da nossa praça,após cada derrota do Nosso clube, procuraram alimentar uma guerrilha cujo principal objectivo era colocar um presidente “mandado e orientado “ por eles. Correu mal, uma vez, duas vezes e mesmo com a proteção da comunicação social, que sempre manteve uma postura estranha e pouco lógica, as coisas foram se arrastando. Uma chapada, uma entrega dos terrenos de Santo António, uma estrutura do estádio não legalizada, uma anarquia de gestão e eis que se acaba a segunda época pior que a primeira e sempre em queda. Descidas de escalão, desinvestimento no futebol feminino, venda de jogadores sem critérios, a não ser o financeiro, e para acabar, um clube como o nosso a gritar Tondela! Não pertenço a este tipo de viver e de pensar. Continuarei a pagar quotas mas deixarei, a partir de hoje, de frequentar os estádios onde jogar o Maritimo. Não faço promessa porque não sei se vou resistir a uma final da taça de Portugal,ou a uma subida! Mas vou resistir a um clube cujos destinos foram politizados e cuja ordem de vida é outra! O Maritimo é alma, é força, sofrimento, mas é no final vitória. E nada disto vai ocorrer num futuro próximo. Não responderei nem farei inimigos,aqueles que não concordarem comigo. O sofrimento que tenho no coração e na alma ao longo destes últimos 20 meses é suficiente. Estarei por aqui,mas distante do nosso estádio, sofrendo num patamar mais afastado e ciente que há mais marés que marinheiros.
Aos Chinos, aos Isaques, aos Vascos, aos Emanueles, aos Nunes, aos Calistas,aos Andrades, às memórias de todos, e ainda ao Ângelo, ao Rui, ao Noemio, ao Eduardinho, ao Petita e a todos os que fizeram grande este clube, o meu agradecimento. Por ora vou me retirar e rezar para que em vez de vender jogadores….vendam outros activos do clube. Adeus".
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