Até ver, José Manuel Rodrigues e Sancha de Campanella poderão protagonizar uma disputa com contornos nunca antes vistos.

Pela primeira vez, a Assembleia Regional tem uma disputa que promete para a presidência. É já esta quinta-feira e nessa "corrida" estão José Manuel Rodrigues, que voltou a impor a candidatura, ao PSD, como contrapartida de apoio parlamentar dos dois deputados centristas, e Sancha de Campanella, uma independente proposta pelo PS, que pode vir a baralhar as contas.
Mas desta vez, José Manuel Rodrigues corre mais riscos depois de ter apostado com mais "audácia" no leilão/aproveitamento da situação ao dar a "volta" a Albuquerque face ao "desespero" deste para somar deputados mesmo sem chegar a 24, mas ainda assim mais um (21) do que a então anunciada combinação PS/JPP (20), entretanto oficialmente desfeita por falta de "quorum", digamos assim.
O acordo de José Manuel Rodrigues foi uma negociação feita na Quinta Vigia, mas é como se fosse na Rua dos Netos, o local tem histórico nestas reuniões partidárias, mas um "negócio" que pelo meio apanhou João Cunha e Silva, que já estava a fazer contas que ia ser o presidente da Assembleia, mesmo sabendo que a palavra do líder podia ser a mesma que deu a Tranquada Gomes e a José Luís Nunes, que também iam ser candidatos e acabaram ultrapassados por José Manuel Rodrigues, que na altura, em 2019, era decisivo no Parlamento. Hoje não é. Albuquerque negociou o mesmo por menos. Já não chega com um (CDS), nem com dois (CDS/PAN) nem com três se tivesse que contar com a IL. Precisa do CHEGA. E aqui pode estar o problema.
Mas para já, antes de ir ao Programa de Governo, é preciso passar o presidente da Assembleia, que agora tem um adversário, uma adversária, melhor dizendo, Sancha de Campanella, proposta pelo PS, que deverá ter os votos do PS e do JPP. Mas pelos apoios conhecidos, tanto José Manuel Rodrigues como Sancha Campanella, que precisam de reunir 24 votos expressos nas urnas (não é uma eleição por maioria simples, como por exemplo o programa de governo) vão precisar dos outros para a eleição. E pode muito bem acontecer que essa eleição não se dê nem à primeira nem à segunda. Depende das tendências e das estratégias daqueles que condenam esta atitude de "quem dá mais" de José Manuel Rodrigues.
Neste contexto, embora não sendo muito provável, qual a garantia que existe no sentido de todos os deputados do PSD votarem José Manuel Rodrigues? Esta pretensão pessoal está no acordo escrito, há um princípio de disciplina partidária, mas como saber quem "furou" esse compromisso com um voto secreto? E não é tão inverosímil assim, atendendo a que os próprios deputados do PSD emitiram um estranho comunicado de solidariedade para com Cunha e Silva dizendo ter sido ele o seu candidato, apenas preterido por estratégia política expressa no acordo de incidência parlamentar. E Cunha e Silva, ao contrário do que aconteceu com José Luís Nunes, não suspendeu mandato, embora possa ainda fazê-lo no momento da instalação.
Até ver, Rodrigues e Campanella poderão protagonizar uma disputa com contornos nunca antes visto.
A decisão é do Parlamento.
Comments