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Foto do escritorHenrique Correia

Pedro Nuno Santos é o pior candidato para Montenegro



Quem ainda pensa em "monstros" ideológicos está enganado numa política cada vez menos ideológica e cada vez mais estratégica desde que servindo clientelas. Os "bichos papões" só existem quando estão na oposição. Por isso, quase todos os acordos são possíveis.




O Partido Socialista já encontrou o sucessor de António Costa para secretário-geral depois de uma disputa interna que terminou com a vitória de Pedro Nuno Santos e a derrota de José Luís Carneiro, este por acaso o candidato apoiado por Paulo Cafôfo, o líder do PS Madeira, que na Região ganhou estas internas e por isso Cafôfo teve a sua primeira meia vitória num contexto em que o vencedor nacional é que conta a "valer".

Para a forma como se faz política em Portugal, para a correspondência com as caraterísticas do eleitorado, foi o melhor que aconteceu ao PS e foi o pior que aconteceu ao PSD. Quanto ao melhor para o País, logo se vê, são tantas as variantes que não é possível, neste momento, fazer essa avaliação sem as componentes partidárias que normalmente toldam raciocínios e apenas permitem análises sectárias.

Mas vendo pelo lado eleitoral e atendendo às sondagens até ao momento conhecidas, que apontam para que ninguém consiga sozinho a maioria absoluta e que o desgaste do PS não é acompanhado por uma descolagem do PSD, temos então um cenário em que Pedro Nuno Santos poderá estar em melhor posição para reunir as "tropas" socialistas enquanto Montenegro está em dificuldades para fazer o mesmo no PSD. O novo líder socialista esteve ligado ao anterior governo, tem a indemnização da TAP sobre os ombros, mas demitiu-se e ganhou popularidade. E isso, no nosso país da atualidade, é meio caminho.

O futuro governo de Portugal deverá ser de coligação. Mas com a derrota de José Luís Carneiro, o regresso de um Bloco Central, experimentado no IX Governo Constitucional que tomou posse a 9 de junho de 83, está agora fora de hipótese. Pedro Nuno Santos poderá fazer uma aliança com o PCP e o BE, já feito por António Costa antes da maioria absoluta, enquanto se for Luís Montenegro o vencedor as possibilidades de governar passam pela Iniciativa Liberal, pelo CDS e pelo Chega. Sem o Chega, Montenegro não forma governo a avaliar pelas sondagens mais recentes.

Por todos estes contornos, as eleições de 10 de março serão diferentes. E tirando as avaliações partidárias que apontam uns "bichos papões" por conveniência, temos a realidade dos acordos que podem ser estabelecidos.

Quem ainda pensa em "monstros" ideológicos está enganado numa política cada vez menos ideológica e cada vez mais estratégica desde que servindo clientelas. Os "bichos papões" só existem na oposição. É mais fácil andar e falar no risco quando não é preciso tomar decisões, pede-se tudo, critica-se e as reivindicações podem ir ao limite, e até ultrapassar, sem que traga consequências. É diferente quando for chamado q integrar um governo. Veja-se os casos do BE e do PCP noa governação de António Costa ou o CDS e o PAN na governação de Albuquerque. Para o PANA, não era tão mais facil atacar a estrada das Ginjas, falar em atentado ambiental, criticar o teleférico do Curral quando estava na oposição? Não era mais fácil ao CDS criticar anos de governação social democrata e apontar a falta de democracia na Madeira quando era oposição ao PSD? Agora chegou ao Governo e assume-se como o garante da estabilidade para o PSD continuar a governar.

Nestas coisas da política, não há soluções fechadas. Há negociações, cedências e interesses, que depois de alcançados passam a exigir outro nível de responsabilidade. E até o voto do povo é relativo na decisão. O povo vota, mas nunca vota para coligações pós eleitorais, para as quais, no fundo, passa um cheque em branco. O povo votaria da mesma forma se soubesse do acordo de António Costa com o PCP e BE? O povo votaria da mesma forma se soubesse do entendimento PSD/CDS/PAN na Madeira?

Esta coisa de mandato dado pelo povo tem muito que se lhe diga...




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