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Pilotos dizem que a TAP está prestes a "entrar em coma"

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 11 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura

Na manutenção, a TAP "contratou empresas externas que não só cobram muito mais caro pelos serviços que prestam, como empregam os técnicos que a TAP dispensou".




O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil não deixa nada por dizer relativamente ao que considera ser uma política desastrosa da TAP, a chamada "companhia de bandeira" que encetou um processo de reestruturação sob liderança política do ministro Pedro Nuno Santos, com supervisão de Bruxelas, um processo que se traduziu numa "limpeza" alargada de trabalhadores, sem dúvida o elo mais fraco quando as empresas que gastaram a mais, desalmadamente, chegam à conclusão, um dia, que é preciso "emagrecer" nos custos. Agora, fazem falta os bem formados recursos que entraram na lista dos dispensáveis.

Mas o Sindicato "destapa" essa estratégia e dá números concretos que sem dúvida aconselham a reflexão sobre orientações políticas, sobre decisões e sobre escolhas para atirar ainda mais para baixo uma empresa que o Governo diz que quer puxar para cima com uma liderança entregue Christine Ourmières-Widener, presidente executiva, que segundo revelou o Expresso vai ganhar anualmente 534 mil euros, mesmo assim uma remuneração inferior à do anterior presidente Antonoaldo Neves, que recebia 781,5 mil euros.

O SPAC desmonta os números da "reestruturação" e aponta exemplos: "Em 2018 a TAP pagou mais de 55 milhões de euros em indemnizações a passageiros, por voos cancelados. Um valor inimaginável, não fosse em Julho deste ano, terem sido cancelados quase 500 voos, só num mês, mais do que o total do ano de 2018.

Em 2018 a TAP por não ter ainda aviões e Pilotos para realizar os voos que tinha vendido, recorreu à contratação externa de companhias aéreas para realizar os seus voos, tendo para isso pago mais de 200 milhões de euros. Este ano, num acto de gestão que ninguém entende, a TAP dispensou os aviões e Pilotos que tanto lhe tinham custado encontrar e quase triplicou a contratação externa de companhias aéreas. Algumas destas, com sede em paraísos fiscais e envolvidas em escândalos recentes pelo desrespeito dos direitos humanos de famílias de deportados. Perde-se a lógica financeira e nem a preocupação com os direitos humanos subsiste. As contas deste ano irão reflectir a profundidade desta acção".

O Sindicato deixa nova realidade no que a outro serviço:

"A manutenção da TAP, um sector da empresa onde a administração tudo fez para cortar em salários e postos de trabalho, supostamente para poupar nos custos, veio a contratar empresas externas de manutenção por óbvia falta de pessoal. Caricato, estas empresas não só cobram muito mais caro pelos serviços de manutenção que prestam à TAP, como empregam os técnicos que a TAP dispensou. Brilhante!

Os aviões não voam sem Pilotos nem pessoal de cabine, mas sem uma boa manutenção não chegam a sair do chão".

Refere a estrutura sindical que "enquanto este comunicado é lido, continuam dois aviões A330 “convertidos” em cargueiros, a acumular prejuízo a um ritmo alucinante de 1 milhão de euros por mês. Situação que dura há mais de um ano. Assumido o falhanço da conversão, ao que parece, serão reconvertidos para aviões de passageiros. Poderia ser cómico, não fosse o prejuízo acumulado ultrapassar os 21 milhões de euros".

Outra crítica pertinente que reflete a inversão de prioridades num processo que deveria ser rigoroso do ponto de vista da gestão: "Com tanta “poupança”, tinha de sobrar dinheiro para actos de gestão essenciais para a sobrevivência da empresa... Assim, chegou a decisão de mudar a sede da TAP do aeroporto de Lisboa para o Parque das Nações.

Porque é que todas as companhias de aviação da Europa investem neste momento em manter postos de trabalho com aumentos salariais e na compra de aviões e a TAP investe em mudar as instalações da companhia?

A resposta é simples, as outras companhias de aviação não têm a sorte de ter um ministério das infraestruturas a supervisionar e a garantir o “sucesso” da gestão da TAP. Enquanto as outras companhias aéreas estão prestes a entrar numa época de prosperidade sem precedentes, a TAP está prestes a entrar em coma: um inverno de inércia e resignação.

Com o objetivo cego de baixar custos fixos (salário de trabalhadores) e sem qualquer pudor pelo escalar assustador dos custos variáveis (contratações externas, indemnizações…), consegue-se uma empresa magra na aparência mas, disfuncional na essência".


 
 
 

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