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  • Foto do escritorHenrique Correia

Presidências de Câmaras tentam capitalizar votos para a República




Pedro Coelho (PSD/CDS "Madeira Primeiro"), Paulo Cafôfo (PS-M) e Filipe Sousa (JPP).






Não é de agora que o Poder Local assume dimensão de tranpolim político para os seus protagonistas. O contacto direto com as populações, a possibilidade de um trabalho localizado visando núcleos populacionais muito próximos, vale normalmente votos e potencia a capitalização de popularidade para compromissos futuros. A diferença, depois, faz-se pelas carateristicas particulares de quem exerce os cargos.

Naturalmente que a Câmara do Funchal está no topo da antecâmara do Poder Regional, aconteceu com Miguel Albuquerque, deu dimensão a Paulo Cafôfo que em 2019 esteve perto de fazer história regional ao retirar a maioria absoluta ao PSD, pode acontecer ainda a Pedro Calado, que na linha de "sucessão" do PSD, surge na calha para ser o próximo líder regional do partido e, por consequência, candidato a presidente do Governo, um trabalho que, diga-se, já vem desenvolvendo há algum tempo rodeando-se de uma estrutura camarária próxima que, simultaneamente, também vem exercendo um papel de preparação da imagem para "memória futura", ou seja primeiro a Rua dos Netos e depois a Quinta Vigia.

A verdade é que comprovando este "impulso" autárquico na progressão política, temos que nas listas de candidatos pela Madeira às eleições legislativas nacionais, aos 6 lugares disponíveis, existem três cabeça-de-lista que são ou já foram presidentes de Câmara, designadamente Pedro Coelho pela coligação PSD/CDS "Madeira Primeiro", Paulo Cafôfo pelo PS-M e Filipe Sousa pelo JPP, sendo que Pedro Coelho e Filipe Sousa exerceram até recente suspensão de mandato por imperativos legais, respetivamente em Câmara de Lobos e Santa Cruz. Paulo Cafôfo fez quase dois mandatos na Câmara do Funchal e ascendeu à liderança do PS-M, após o que esteve no Governo da República e agora volta a liderar o partido.

Estes nomes representam ou representaram os três maiores concelhos da Região em termos eleitorais, o que de certo modo explica a opção de escolha em função da mais valia de candidatar uma figura com capital político adquirido com historial de vitória no Poder Local.

Mas no contexto eleitoral, nestes três casos em avaliação, temos que Paulo Cafôfo é o que corre maiores riscos em função do que pode estar em causa para o futuro, sabendo-se ainda que, além disso, não irá ocupar o lugar na Assembleia da República. E é um risco porque pode ter uma derrota no seu primeiro desafio eleitoral depois desta nova fase de liderança no PS-M. E nunca é bom entrar a perder. Mas tem a seu favor o facto de "dar a cara" num momento em que acredita no seu projeto. Esta candidatura está em consonância com o discurso mobilizador.

Miguel Albuquerque teve outra opção: "protegeu-se". Ainda ponderou ser cabeça-de-lista, mas optou por dar o primeiro lugar a Pedro Coelho, um candidato real, ou seja se for eleito será deputado na Assembleia da República.

Esta "protecção" de Albuquerque pode ter a ver, essencialmente, com o historial recente do PSD Madeira, que vem ganhando eleições mas perdendo votos, uma realidade que está a preocupar as estruturas regionais do partido, que defendem um maior envolvimento de Albuquerque nas estruturas de base como forma de recuperar a unidade interna, efetiva, e não as operações de "cosmética" de visitas pontuais às concelhias, que sem uma regularidade de contactos, acabam por não sentir essa necessidade de mobilização.

Relativamente ao JPP, não podia ter escolhido melhor. Filipe Sousa é a imagem do partido, tem trabalho feito em Santa Cruz e pode muito bem ser eleito para a Assembleia da República, sobretudo num contexto em que o JPP aparece como o partido da oposição que mais tem incomodado o Governo com questões e recursos aos tribunais que revelam ação política interventiva, como se pede a um partido que faz oposição ao Governo. Estas eleições nacionais podem até dar sequência à subida do JPP nas Regionais.


mas que se esgotam logo sem sustentação futura.

O JPP fez a melhor escolha que estava ao seu alcance. De facto, num contexto de subida de votos e com o protagonismo que vem ganhando como partido da oposição mais incisivo e incomodativo, a escolha de Filipe Sousa parece a mais adequada para aspirar a um deputado na República.

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