E caso seja preciso, a coligação abre-se a quem? Ao JPP e ao Chega não parece. Mais depressa à Iniciativa Liberal, apesar do coordenador regional ter dito que não.
Não é preciso qualquer sondagem para perceber que a Madeira, avessa a mudanças profundas, ainda não é desta que vai deixar de dar mais votos ao PSD coligado com o CDS. Nem é necessário ter qualquer "bola de cristal" para verificar o óbvio, o que se vê, o que se analisa e o que se sente no dia a dia junto da população. A grande dúvida não será sobre quem ganha as Regionais, mas como ganha, em votos, em percentagens, em distribuição de mandatos. E aí é que podemos ter um enquadramento que não põe em causa quem ganha, mas sim a dimensão dessa vitória que dará ou não condições para governar.
O PSD está enraizado na comunidade madeirense e essas raízes são intergeracionais. É normal para quem está no poder há tanto tempo e num meio pequeno, onde todos se conhecem, como lembrou recentemente o empresário Luís Miguel Sousa na comissão de inquérito às declarações de Sérgio Marques, e numa Região onde os empresários já sabem a estratégia das obras nos mandatos, pensadas e lançadas no primeiro ano, executadas nos seguintes e inauguradas no último ano, como muito bem disse outro experiente empresário, Avelino Farinha, na mesma comissão.
Fica difícil à oposição enfrentar este estado da Madeira. Fica mais difícil se a oposição não conseguir descolar do óbvio, do mais do mesmo, do discurso sem chama e repetido em diversas iniciativas diárias, como acontece. E o PS tem essa dificuldade, não porque o líder seja fraco, tecnicamente, mas pela falta de carisma, o que na política até vai sendo habitual por todo o lado. Sérgio Gonçalves tem capacidades, tem uma atitude correta, é democrata, sabe onde estão as piires partes da governação, mas falta passar essa mensagem para convencer o suficiente para aquela onda que seria necessária para "virar" isto. Falta pouco tempo para mudar o que quer, ser Governo, mas pode chegar a tempo de retirar a maioria absoluta à coligação.
Mas estamos em crer que outro grande problema do PS chama-se JPP, que tem liderado a oposição madeirense em assuntos de grande relevância para as pessoas. Não é por acaso que o Governo e o PSD endureceram o discurso contra Santa Cruz, às vezes de forma pouco inteligente. Criticar as cirurgias pagas pela Câmara de Santa Cruz, a pessoas que estão tanto tempo à espera, não deve muito à estratégia de combate, mas antes é a melhor promoção ao JPP. E com tanto especialista e estratega, ainda ninguém viu isso no PSD? Nem as sondagens, que refletem precisamente esse reconhecimento do povo ao JPP, constitui alerta? O PSD pode perder a maioria absoluta à conta dessa e de outras "lutas perdidas". O princípio deve ser: cada pessoa que faz uma cirurgia que precisa, é um facto positivo. Não há duas interpretações. A componente política não conta, mas os benefícios políticos podem contar.
O PSD e o CDS podem perder a maioria absoluta. É uma hipótese. Significa que o eleitorado mantém uma confiança de governação, também por não ver alternativa de peso suficientemente relevante, mas pretende colocar os "ovos" em "cestos" diferentes. Uma espécie de "rédea curta" à governação, que nesse caso seria obrigada a abrir-se a um terceiro partido.
E caso seja preciso, a coligação abre-se a quem? Ao JPP e ao Chega não parece. Porque o JPP não quer e o Chega choca muito internamente no PSD e no CDS. Mais depressa à Iniciativa Liberal, apesar do coordenador regional ter dito que não. Mas o tempo e o resultado, bem como a capacidade negocial, podem fazer mudar essa posição. Se for bom para as partes.
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