PSD à "bulha" pode levar Albuquerque a apoiar José Manuel Rodrigues

Cunha e Silva e José Prada colocam-se como hipóteses dentro do PSD-M. Contra o secretário-geral, está o "peso pesado", que estrategicamente poderá apoiar o antigo vice do Governo. Desta "briga" pode sair a escolha para o CDS.

Miguel Albuquerque já anunciou que o líder do CDS Rui Barreto será o número dois da lista da coligação às Regionais deste ano. Em nome do bom entendimento futuro e do reconhecimento do clima de confiança que Barreto tem dado a este acordo governativo. Albuquerque sabe que, de algum modo, uma certa forma de estar de pouca "ondulação" tem contribuído para a estabilidade governativa e isso "paga-se". Ou retribui-se.

Acontece que este CDS tem uma cúpula com duas figuras de peso. Além de Rui Barreto, José Manuel Rodrigues, que politicamente até tem exercido, na presidência da Assembleia Regional, um protagonismo e influência muito superiores a Rui Barreto enquanto secretário regional. Até que ponto esta coligação estará dependente do que acontecer a José Manuel Rodrigues? Não há consenso relativamente ao que vai acontecer depois das eleições, altura em que se discute quem será o candidato, como ainda hoje disse Barreto apontando ser importante serenidade neste "nervosinho miudinho".

E não há consenso porque existem várias discussões dentro do PSD-M, assentes no pressuposto que a liderança do Parlamento deve ser entregue a um social democrata. E agora, mais do que em 2019, uma vez que neste momento diversas correntes "laranha" entendem que o CDS vale menos e por isso não faz sentido ter a presidência do principal órgão da Autonomia.

Não é uma decisão bem vista dentro de alguns setores do PSD-M cujo entendimento aponta uma dissonância entre a posição de número dois e o que valem os dois partidos e a respetiva aplicação do método de Hondt. E acrescentar essa dissonância à presidência do Parlamento, é demasiado.

Dizem ser excessivo o segundo lugar, mas também sabem que não vale a pena contestar porque Albuquerque faz na mesma o que bem entende. Não cultiva muito o espírito democrático no âmbito do PSD-M.

Miguel Albuquerque sabe desses desenvolvimentos e já terá confidenciado o seu desagrado pelas movimentações que já decorrem, dentro do PSD-Madeira, no que toca a eventuais candidatos, sendo que não terá caído muito bem a posição pública de Miguel Sousa defendendo João Cunha e Silva, antigo vice presidente de Jardim, como o candidato perfeito do PSD-M à liderança do Parlamento. Esta terá sido uma posição que deu o "alarme" interno, além de que o próprio Cunha e Silva veria com bons olhos esse regresso aos cargos políticos assumindo que tem experiência parlamentar para o efeito.

Mas em muitos setores do PSD-M, o nome de Cunha e Silva não é bem visto, bem como o seu peso eleitoral não lhe permite entrar de "peito aberto" nesta disputa. Além de que, internamente, começam a aparecer nomes para a eventualidade de Albuquerque querer decidir no proncipal partido. Numa primeira linha José Prada, o atual secretário-geral, numa segunda linha Rubina Leal, antiga secretária regional. Ambos vice presidentes da Assembleia.

Mas a verdade é que não há uma unidade neste domínio, no PSD-M, e isso não satisfaz Albuquerque. Prada tem alguns setores com ele, mas não conta com o apoio de um "peso pesado", Pedro Calado, que por razões meramente estratégicas, poderá inclinar-se por um apoio a Cunha e Silva, sabendo-se de alguns episódios que resultaram num afastamento entre o atual presidente da Câmara do Funchal e o secretário-geral do partido.

E é neste enquadramento que Albuquerque vai decidir. E é aqui que José Manuel Rodrigues tem hipóteses e alguns argumentos a seu favor. Está a fazer uma boa presidência da Assembleia, dando-lhe visibilidade que não tinha. E nesse sentido, Albuquerque pode preferir não mexer em equipa que ganha e deixar sem resposta as "brigas" no PSD-M. Uma espécie de "penalização" interna.