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PSD e CDS coligados e de "rédea curta"

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia



Registam-se os receios admitidos abertamente por Rui Barreto e de certo modo "camuflados" por Miguel Albuquerque, mais reservado e incomodado pelo facto de o PSD não se bastar por si próprio.





A coligação do Governo Regional da Madeira entre PSD e CDS, desta vez com a maioria absoluta parlamentar assegurada pelo voto da deputada do PAN, está de "rédea curta" por parte dos respetivos partidos. Todos têm alguma coisa a perder, uns mais do que outros, mas no fundo todos têm algo a perder e por isso instabilidade é coisa que ninguém quer. No essencial, está tudo "preso" por um objetivo diferente mas com um "seguro" convergente de irem juntos a eleições. O receio é melhor do que um contrato. Daí a previsibilidade de nas próximas eleições nacionais, pelo menos na Madeira, haver igualmente coligação concorrente.

Compreende-se que ninguém queira arriscar. Uma coisa é o discurso, outra bem diferente é a realidade onde todos terão as suas fragilidades, o PSD por estar a perder votos apesar das vitórias na Região, o CDS sem saber muito bem quanto vale em votos depois de ter sido, de algum modo, acusado de "trair" a oposição com o projeto de governo. E não sabe até que ponto esse factor terá peso num futuro escrutínio se for sozinho a votos.

É verdade que as eleições nacionais são diferentes das Regionais e ainda não se sabe, oficialmente, se haverá coligação no todo nacional e na Região, aqui com o anúncio dessa decisão a acontecer a 13 de dezembro. E não se sabe, também, se essa coligação, a existir na República, será suficiente para Montenegro chegar ao poder, sendo que segundo as sondagens nem uma junção de esforços de PSD, CDS e Iniciativa Liberal será suficiente para fazer face à maioria que Montenegro precisa, com um outro problema acrescido no crescimento do Chega que pode surgir como a única solução para o PSD. O mesmo problema, com contornos diferentes, pode acontecer na Madeira, mas aqui sem reflexos efetivos para a governação regional por se tratarem de eleições legislativas nacionais. Mas a haver problema pode ser mesmo para o futuro da coligação se por acaso vier a baixar resultados e der uma expressão que, por si só, não chegue para reforçar, na prática, aquela estabilidade que teoricamente parece garantida na governação regional.

Rui Barreto tem sido muito mais direto do que propriamente Miguel Albuquerque. Barreto tem andado sempre à frente na defesa da coligação, talvez por ser, dos dois, o líder que parece ter mais a perder pelas alternativas entretanto criadas no espaço ocupado politicamente pelos centristas. Foi ele a garantir, em declarações à RTP Madeira, que os dois partidos estão interessados em manter o acordo e adiantou inclusive que o CDS iria ocupar o quinto lugar da lista à Assembleia da República, o que efetivamente será um lugar não elegível em função dos últimos resultados (PSD/CDS 3/PS) e em função de estudos recentes que apontam para uma maior distribuição de mandatos da Região, designadamente 2 do PSD, 2 PS, 1 JPP e 1 Chega.

Como se vê, os receios admitidos abertamente por Rui Barreto e de certo modo "camuflados" por Miguel Albuquerque, mais reservado e incomodado pelo facto de o PSD não se bastar por si próprio, fazem sentido num enquadramento político evolutivo, que também na Região, embora mais lentamente, têm registado crescimentos em forças políticas até agora de menor expressão regional, casos do JPP e do Chega, que a avaliar pelos indicadores podem dar "dores de cabeça" à coligação, que mesmo mantendo o acordo da governação regional, pode valer menos nesta eleição nacional se obviamente passar para menos deputados eleitos. E o receio é fundamentalmente esse, até porque no seio do PSD-M, há a convicção que mesmo em descida de votos, o partido sozinho ia conseguir os mesmos resultados. Nunca se poderá saber enquanto a candidatura for em coligação.

O que já ninguém consegue disfarçar é um certo nervosismo. Coisa natural quando estão em causa cargos e o futuro de cada um...


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