A extrapolação vale o que vale e é um mero indicador, sem ser mais do que isso. São os números das Regionais de maio à luz das contas dos círculos concelhios mais a compensação e o círculo da emigração sem comparativo.
A Comissão Política do PSD Madeira aprovou esta noite a proposta de revisão à atual Lei Eleitoral defendida pelo Partido para a Assembleia Legislativa Regional, uma proposta “que visa estimular a participação cívica, prestigiar o parlamento regional e permitir que os cidadãos Madeirenses e Porto-Santenses se identifiquem, de forma clara e inequívoca, com os seus deputados, aumentando, por essa via, a responsabilização de todos os eleitos”.
Uma proposta que, na prática, serve ao partido proponente, o PSD, que na aplicação do método de Hondt por circulos concelhios, fica a ganhar elegendo maior número de deputados, isto tendo em conta os últimos resultados e numa extrapolação para uma realidade diferente da atual. Que além de passe na Região, terá que passar na Assembleia da República.
Na verdade, poucos esperariam do PSD uma proposta para beneficiar a oposição. A alteração à lei eleitoral para círculos concelhios, com o objetivo "politicamente correto" de aproximar os eleitores dos eleitos, na prática reforça, em deputados, o partido com mais votos, que tem sido o PSD, embora em perda há algumas eleições a esta parte.
Numa avaliação tendo em conta o método de Hondt e com base nas eleições de maio, verifica-se que o PSD beneficia. Mas não só, o PS também, daí haver algumas leituras relativamente ao silêncio socialista sobre este assunto importante da agenda política madeirense, mas mesmo assim deixando no silêncio as estruturas socialistas madeirenses até este momento.
Não é de estranhar, por outro lado, que o parceiro do PSD, o CDS, no entendimento de incidência parlamentar tendo em vista a governação, mas que não é decisivo atendendo a que a viabilização governativa precisa de outras "bengalas", esteja em desacordo com esta alteração à lei eleitoral, uma vez que os centristas apenas poderiam aspirar à permanência de deputados através do círculo da compensação (5 deputados), mas até pode acontecer um outro desfecho mais negativo dependendo dos resultados. Uma linha que se aplica aos ditos pequenos partidos, que através dos círculos concelhios andam no risco entre a eleição e o ficar de fora, sendo que o prejuízo maior seria mesmo para o JPP e o CHEGA, este a poder passar para uma pequena expressão. Apesar de, no quadro meramente indicativo, com base nas eleições regionais de maio, a diversidade parlamentar até possa ser alargado com o regresso do PCP. Mas obviamente que numa futura eleição, com caraterísticas diferentes, os resultados possam ser outros.
O PAN, por exemplo, diz que "esta mudança serve unicamente os interesses dos grandes partidos como o próprio PSD e PS, promovendo a manutenção de um cenário que favorece apenas aqueles que já detêm uma posição dominante.
"Esta proposta não representa um avanço democrático, mas sim uma tentativa clara de retrocesso". Uma realidade que deixa o PSD, desta vez, a ter que se voltar para outras vias se pretender aprovação no Parlamento, onde como se sabe Albuquerque não tem maioria absoluta.
Um outro dado, por não haver comparativo anterior, é o proposto círculo pela emigração, ficando por apurar a quem atribuir no universo de 54 deputados (47 atuais, 5 da compensação e 2 da emigração).
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