top of page
Buscar
  • Foto do escritorHenrique Correia

PSD está preocupado com o JPP e tem razão

Atualizado: 25 de fev. de 2023



De forma realista, faz sentido esta preocupação do PSD relativamente ao JPP. O que não faz sentido é o caminho que o PSD está a utilizar para demonstrar essa preocupação. Chega e Iniciativa Liberal, diferentes, podem marcar uma nova composição parlamentar.




A política madeirense precisa de uma agitação e não se vislumbra que ainda seja desta vez que haverá mudanças no topo, não há neste momento grandes perspetivas de alteração relativamente a quem vai vencer as eleições regionais deste ano, a questão é saber a percentagem, se dá ou não para a maioria absoluta, sendo que há uma particularidade que não é de menosprezar relativamente ao eventual comportamento do eleitorado: a coligação PSD/CDS é proposta pela primeira vez ao eleitorado, uma vez que este acordo de viabilidade governativa foi alcançado pós eleições de 2019, aquelas em que o PS teve, talvez, a oportunidade da sua vida política na Região.

Se não houver um cataclismo, a coligação PSD/CDS ganha as eleições regionais. Claro que a verdadeira sondagem é no dia das eleições, mas também é preciso ter noção que só uma governação com percalços todas as semanas, como acontece com António Costa e com o PS, no País, poderia colocar o poder no "colo" do PS Madeira, como dizem as sondagens relativamente ao PSD de Montenegro na República. Mas não há dessas "benesses" sempre e em todo o lado. Na Madeira, é muito dificil o PSD perder eleições, a máquina está de tal forma "afinada" que já é, quase, transversal em termos de gerações. A governação confunde-se com os movimentos associativos, de todos os setores, os apoios "chovem" todos os dias, o governo funciona como o "abono de famílias" que vai distribuindo a sua governação e gerando raízes. Agora, pensem em raízes com mais de 40 anos e facilmente se chega à conclusão que o objetivo da oposição será, sem dúvida, tentar reduzir a dimensão da vitória da coligação. E se isso acontecer, já será um feito democrático na Região. Se ainda assim não for suficiente a coligação para uma maioria absoluta, isso significa que das duas uma: ou a coligação junta-se a uma terceira força política ou a oposição consegue, junta e numa faixa dita sem extremismos, um número de votos que permita apresentar uma proposta credível e de confiança. Mas para isso, o PS teria que fazer a sua parte de líder forte da oposição, ou seja aumentar o número de deputados, o que pelas sondagens está difícil.

Então, por onde andam as preocupações do PSD, que já viu melhores dias na utilidade desta negociação com o CDS? Não andando pelo PS, que está a sentir grande dificuldade para descolar para aquele patamar da diferença, da surpresa e da mensagem mobilizadora, fica uma outra realidade que sem dúvida está a preocupar o PSD e que permite o protagonismo, quem sabe traduzido na futura composição parlamentar, do JPP, do Chega e da Iniciativa Liberal, sendo que o Chega funciona aqui como um voto de protesto e muito assente na figura de André Ventura, mais do que propriamente uma dinâmica regional. Mas o JPP e a Iniciativa Liberal, não, têm uma estratégia regional e de certo modo caminham para potenciar esse caudal em votos e, consequentemente, em deputados.

De forma realista, faz sentido esta preocupação do PSD relativamente ao JPP, não porque vai colocar em causa a vitória, mas sim porque pode ressurgir um opositor ainda mais forte no Parlamento. O que não faz sentido é o caminho que o PSD está a utilizar para demonstrar essa preocupação, como que fazendo uma estratégia "cega" e uma linguagem que, pelo menos até agora, dá ideia que põe mais votos do que tira ao próprio Juntos Pelo Povo.

De facto, o JPP não é um "anjinho" da política, porque ninguém que anda na política e lá quer continuar, é. Mas tem mérito na forma acutilante como aborda o problema, é politicamente eficaz ao abordar as questões de atualidade, de interesses instalados, não há semana sem que o JPP questione, responda, faça política. O JPP está a dar trabalho ao PSD e isso traduz-se num reconhecimento das intenções de voto, que mesmo não indo contra a maioria que governa a Região, quer ir no sentido de uma distribuição dos "ovos" por vários "cestos". O JPP está a fazer por isso e o PSD está a ver isso e a endurecer a linguagem, por parte de alguns protagonistas, que no entanto talvez necessitem de uma estratégia menos vendada para que possam fazer oposição ao JPP no sentido de lhe tirar deputados e não de acrescentar, como certamente acontecerá se continuar assim.

A Iniciativa Liberal está a fazer o caminho caminhando, marca a diferença e pode beneficiar com a necessidade que o eleitorado sente de premiar as formas diferentes de fazer política. É muito natural que, no mínimo, a IL conquiste um deputado no futuro figurino parlamentar, onde se prevê que não resulte, nestas eleições, na bipolarização do ato eleitoral anterior que acabou por reduzir a diversidade da representação parlamentar.



47 visualizações

Comments


bottom of page