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Foto do escritorHenrique Correia

Quando um T1 a 190 mil já é uma "pechincha"...




Hoje, o mercado está diferente, de facto com correspondência, assim nua e crua, à relação oferta/procura, se há procura a oferta sobe de preço, mas que não liga diretamente com os valores das remunerações médias dos casais jovens. Está muito no negócio e pouco na vida.





O presidente do Governo Regional foi a Câmara de Lobos inaugurar um empreendimento habitacional, de uma cooperativa, a custos controlados, sendo que o conceito de controlado, hoje, já não é o que era. Nem no mercado normal, nem no reeditado mercado de cooperativas, sobretudo para quem se recorda do papel das cooperativas do passado nas soluções habitacionais verdadeiramente atrativas para pessoas normais com ordenados normais à época.

Hoje, o mercado está diferente, de facto com correspondência, assim nua e crua, à relação oferta/procura, se há procura a oferta sobe de preço, mas que não liga diretamente com os valores das remunerações médias dos casais jovens. Está muito no negócio e pouco na vida.

Dizem que é o mercado a funcionar, mas se o Governo não intervém e de forma rápida e eficiente, teremos problemas ainda mais graves neste mercado a funcionar mas sem dúvida especulativo.

Claro que esta reflexão não envolve qualquer observação direta com este empreendimento em Câmara de Lobos "Varandas do Atlântico”, da cooperativa Coolobos, com 34 apartamentos, todos vendidos, em que um T1 custou 190 mil, um T2 à volta dos 270 mil e um T3 pelos 300 mil. A reflexão apenas teve esta realidade como ponto de partida, sendo que o facto de ser uma cooperativa não tem propriamente a preocupação social de Governos e autarquias e visa, obviamente, o negócio, ainda com apoios para o sector. A questão é que o mercado subiu tanto, em completa desarticulação com os vencimentos médios e reais na Madeira, para os casais jovens e não só, que um T1 a 190 mil euros, ou 160 mil no âmbito do PRR, já é quase considerado uma pechincha. Um dia destes, ou é assim ou terrenos com tendas, como já acontece na zona de Lisboa.

As próprias declarações de Miguel Albuquerque são esclarecedoras: "Estou muito satisfeito. Porque, hoje em Câmara de Lobos pude assistir à inauguração de mais habitação a custos mais acessíveis, a preços inferiores aos do mercado para fogos idênticos".

DIz o presidente que "a habitação cooperativa é mais uma boa solução para quem procura casa a preços mais baratos, no caso 35% mais baixo do que os do mercado, para apartamentos de igual dimensão e qualidade.

Nada impede, como se comprovou hoje, de se construir habitação por cooperativas de habitação, a custos mais acessíveis, mas de grande qualidade".

Ou seja, estes valores estão, como diz o presidente do Governo, 35% abaixo do mercado. Os 190 mil de um T1 seriam, por exemplo, 190 mil+66.500 euros=256.500. Vendo assim, os 190 mil até parecem bem.

Infelizmente, a realidade é diferente. Os jovens casais, numa larga maioria, se não envolver apoios ou se não tiver meios próprios, não podem adquirir apartamentos aos preços de mercado. Nem com menos 30 por cento desse valor de mercado atual. O PRR pode ser um apoio importante, na medida em que permite o arrendamento de acordo com os rendimentos e a opção posterior de compra.

Quanto ao resto, pelo que se vê no mercado, é uma questão de negócio. E uma questão de especulação imobiliária também, nesta euforia que põe casas a arrendar a 1500 euros sem contas e deixa os jovens numa asfixia financeira pagando muito e vivendo muito pouco.

Vale a pena refletirmos sobre o assunto. Sem fundamentalismos, mas permitindo uma intervenção no mercado para dar soluções concretas à grande lista de inscritos na Investimentos Habitacionais.

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