"Recomendações": Nem o PSD incomoda o CDS nem o CDS incomoda o PSD
- Henrique Correia
- 3 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Mas a maior "pedra no sapato" para o PSD-M tem sido as intervenções públicas de José Manuel Rodrigues, apoiando a coligação mas não perdendo uma oportunidade para apontar soluções e caminhos de governação.

Não podemos dizer que é oficial porque estas recomendações internas não se oficializam, mas tanto Miguel Albuquerque como Rui Barreto estão a tentar estancar todos os eventuais focos de perturbação que possam, eventualmente, minar a coligação governamental e sobretudo o próximo acordo para as Regionais de 2023, que está praticamente assente mas logicamente falta o anúncio formal depois dos acertos.
A recomendação para não hostilizar o CDS deixa Miguel Albuquerque mais tranquilo relativamente à sua estratégia para as eleições do próximo ano. Não vê oposição suficientemente forte para criar grandes dificuldades, por parte do PS-M, mas não quer arriscar mesmo tendo a (quase) certeza que os votos do CDS poderão ter um valor reduzido no pacote e no fundo o PSD valer tanto em coligação como se fosse sozinho. Mas por via das dúvidas, também não se sabe se o PS-M pide ter algo na "manga", sai um acordo, para não correr riscos e também para não descartar um parceiro que tem sido leal mesmo em situações em que o PSD chama a si os louros de sucesso governamental, e tantas vezes isso tem acontecido.
.as estas recomendações do género "pacto de não agressão" não são exclusivas do PSD, sabe-se que a mensagem também corre pelo CDS, sendo que o episódio ocorrido com a exoneração do jornalista António Jorge Pinto, é certo que a pedido do próprio, mas com contornos de ambiente de tensão no partido, na sequência do voto contra o orçamento da Junta de São Gonçalo quando o seu parceiro de coligação, o PSD, votou a favor.
Garantem-nos que este episódio resultou numa pressão imediata por parte do PSD e num incómodo para a liderança de Rui Barreto, que ao mesmo tempo que anuncia um processo disciplinar, que nunca chegou, também tinha intenção de resolver isto de forma natural, ou seja jogando com o tempo e apostando que o ambiente interno, que já não era o mesmo para o jornalista, acabasse por ter o resultado que teve, uma estratégia muito seguida na política.
Mas o CDS não tem só este problema, gere também a preocupação de não ter, na Assembleia Regional, uma espécie de "governo sombra", com j a visibilidade que tantas vezes supera o próprio governo regional e que transportao partido para uma liderança a duas "caras" que tem constituído desconforto junto do PSD.
Mas a maior "pedra no sapato" para o PSD-M tem sido as intervenções públicas de José Manuel Rodrigues, apoiando a coligação mas não perdendo uma oportunidade para apontar soluções e caminhos de governação, além de alertas para questões sociais, um tema que naturalmente incomoda qualquer governo, que espera observações da oposição mas não do parceiro de coligação, via principal órgão da Autonomia, entregue ao CDS numa negociação muito contestada internamente pelo PSD-Madeira. E que prevalece até aos dias de hoje.
Neste contexo, o "pacto" também inclui José Manuel Rodrigues, que deve "aliviar" a tensão com intervenções mais suaves e sem grandes discussões acerca de lugares nas listas para 2023.
No fundo, mantenham-se calmos para isto dar certo.
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