Recordes da Economia todos os dias e gente sem o essencial todos os meses
- Henrique Correia
- 23 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
José Manuel Rodrigues fez uma reflexão/alerta pertinente que recomenda atenção dos governos e disse que "o elevador social que fez tantos de nós chegar onde chegámos não está a funcionar".

O Turismo a crescer, o emprego a subir, o desemprego consequentemente a baixar, a "saúde" das empresas em prosperidade, a construção civil sem "mãos a medir", o luxo da habitação a vender como nunca, o Governo a fazer casas para quem não chega ao luxo e muitos já não chegam ao que não é luxo mas anda a ser vendido como tal. Pois bem, este cenário idílico, no País mas também na Região, foi alvo de referência por parte do presidente da Assembleia numa reflexão que, por sua vez, faz refletir, os cidadãos e os governos.
José Manuel Rodrigues veio a público "tocar numa ferida" de avaliação. No fundo, um contraciclo: estamos melhores com muita gente pior. Disse o líder do Parlamento, no âmbito da conferência “Crescimento Económico VS Justiça Social” que teve lugar na Assembleia com a presença do presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, que "é inadmissível vermos todos os dias o anúncio de recordes nas taxas de crescimento de todos os setores da Economia e depois constatarmos que isso não se reflete nos salários e rendimentos de quem trabalha”, lamentou o Presidente do Parlamento madeirense.
“Somos dos países mais desiguais da Europa e esta situação tem tendência a agravar-se se continuarmos a ter milhares de pessoas a trabalhar o mês inteiro para, ao fim desse mês, o que ganham não ser suficiente para pagar as suas despesas essenciais e serem considerados pobres. Desculpem, mas enquanto cidadãos com sensibilidade e responsabilidade social, não podemos aceitar esta realidade”, refere o presidente como consta de uma nota veiculada pelo gabinete de comunicação do Parlamento.
O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira mostrou-se, também, preocupado com o facto de Portugal não conseguir “reter os seus mais jovens, que procuram noutras paragens melhores salários enquanto o país importa ativos, num movimento paradoxal”; e, também, com a realidade do país não “fixar os mais talentosos, que aqui não encontram nem oportunidades nem rendimentos condizentes com as suas qualificações.
O elevador social que fez tantos de nós chegar onde chegámos não está a funcionar, e isso é fonte de injustiças e de desperdícios na capacidade produtiva do país”, alertou.
O presidente da Cruz Vermelha, António Sarsiva, disse que "precisamos, para tal, de um Estado social forte. Um Estado com capacidade para investir em políticas e programas que promovam a igualdade de oportunidades, garantam o acesso a serviços públicos de qualidade, fortaleçam a educação e a proteção social”.
O ex-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal entende que “o desenvolvimento social e o combate à pobreza são dois pilares essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. É impossível alcançar um crescimento verdadeiramente sustentável sem investir no bem-estar e na inclusão de todos os membros da sociedade, especialmente aqueles que vivem em situações de vulnerabilidade”.
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