Quem está no Governo está lá confortável, pode fazer igual mas está com o Poder. Quem pretende lá chegar é que tem um trabalho árduo pela frente, fazer um trabalho para a mudança, mobilizar, criar uma vaga de fundo.
Tantas vezes criticamos a política espetáculo, por vezes sem conteúdo, assente na mais baixa popularidade, que no fundo não passa do populismo que traz pouco e ilude muitos durante algum tempo. Tantas vezes apontamos o dedo que quando aparece uma figura que pretende mudar esse "passo em falso" de alguma política e de alguns políticos, de falta de conteúdo, acabamos invariavelmente por achar que falta chama, falta o fogo que arde mas que se deve ver. Por isso, as reflexões e as opiniões não se fecham sobre si próprias.
A propósito do líder do PS faz o caminho caminhando e até é verdade que, ao contrário dos seus antecessores, tem beneficiado daquele "estado de graça" que não é muito normal no PS Madeira, parece um problema "endémico". Mas por agora, e ainda bem porque qualquer regime precisa de oposição organizada (também temos pouco tempo desta liderança), as coisas andam calmas em termos internos, o líder parece ter ainda algum crédito, embora seja já possível estabelecer alguma relação de atitude/eficácia de discurso que se mostra demasiado "morna" para quem tem pouco tempo pela frente até ao desafio das regionais de 2023 e ainda anda com alguns "panos quentes" numa perspetiva de fazer diferente mas sem saber muito bem como, reconhecendo-se que o combate político da oposição, na Madeira, não é propriamente fácil.
É preciso salvaguardar que Sérgio Gonçalves, até prova em contrário, é uma pessoa séria, competente na sua área de formação, a económica, mas talvez seja preciso dar outra consistência política intervencionista às suas iniciativas. O mesmo modelo, de visitas, de conferências, de arraiais, falando dos problemas a norte duas vezes em menos de uma semana como se não houvesse mais nada para falar, é um pouco repetitivo e monótono para afirmar a diferença que é preciso para a mudança. Pode ser uma questão de estilo, pode ser de seguir modelos já instalados, mas é preciso mais qualquer coisa.
Quem está no Governo está lá confortável, pode fazer igual mas está com o Poder. Quem pretende lá chegar é que tem um trabalho árduo pela frente, fazer um trabalho para a mudança, mobilizar, criar uma vaga de fundo, encontrar um modelo alternativo que assente numa liderança de risco. Só um PS de risco, consistente mas politicamente na proximidade do risco, é que pode ter aspirações para 2023, daqui a um ano portanto. Não há tempo para períodos experimentais.
Será Sérgio Gonçalves o candidato capaz de olhar o PSD de frente para fazer o que Cafôfo fez ao obrigar o PSD a uma coligação com o CDS? Cafôfo teve os seus erros estratégicos na forma como lidou com a máquina partidária pretendendo querer tudo de uma vez, as suas ligações também não terão sido as melhores, mas foi quem deu a esperança ao PS. A mobilização sente-se, a liderança carismática sente-se e vê-se. E ainda não dá para ver nada disso. Falta saber se Sérgio Gonçalves consegue essa transformação em tão pouco tempo. Ou então há um outro trunfo na manga...
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