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Foto do escritorHenrique Correia

Sérgio Gonçalves: fez-se líder, agora é fazer-se político



O PS-M, tem permitido que as crises do PSD-Madeira sejam geridas como "carregamento" para novas vitórias e uma renovação acompanhada pelo eleitorado fixo, algum ainda vota com o coração e com a razão da sua vidinha organizada.




O contexto político partidário madeirense é único, não tem paralelo com outro qualquer contexto nacional e até ao nível autárquico já escasseiam casos de implantação duradoura de um regime, sem oposição digna desse nome, que possa equilibrar as forças e construir a possibilidade de alternância democrática sempre que o eleitorado assim pretenda.

Só que a Madeira é única e nem podemos dizer que toda a responsabilidade é do PSD, o partido que governa há mais de 40 anos, com um quadro de eleitores, em parte, muito "sui generis" e uma oposição que, sistematicamente, anda à procura do momento certo, do líder certo e também, frequentemente a guerra interna certa. E assim, fica mais difícil. Não só desbarata tempo e oportunidades de se organizar convenientemente, como também permite a quem manda há tanto tempo ter tempo para tudo mesmo quando parece não ter tempo para nada. A oposição, designadamente o PS-M, tem permitido que as crises do PSD-Madeira sejam geridas como "carregamento" para novas vitórias e uma renovação acompanhada pelo eleitorado fixo, algum ainda vota com o coração e com a razão da sua vidinha organizada. O PSD tem mérito, a oposição, o PS, tem muito demérito, exceção feita quando Paulo Cafôfo trouxe o partido para cima, em 2019, numa conjugação de liderança e de vontades que acabaram por "morrer na praia" com a chegada do socorro, o CDS, para salvar o PSD e ficar tudo como antigamente. Esse momento não volta tão cedo, é uma oportunidade que não regressa com aqueles contornos. O PSD organizou-se e ganhou novo fôlego.

Ontem, o PS-M foi a eleições. Mais um líder, desta vez Sérgio Gonçalves, com nova esperança socialista. Fez a festa com pouco mais de mil votos, os partidos são assim, não é só no PS, o universo é curto mas a democracia é assim.

Sérgio Gonçalves é um homem da Economia, ainda não é político. Uns nascem, outros fazem-se. Tem uma imagem de credibilidade, de seriedade, não se livra da ligação aos grupos económicos, o que no mundo de hoje até pode ser uma vantagem para fazer grupos de pressão, o PSD faz isso muito bem a pretexto da crise e da criação de emprego ser Deus na terra para dar tudo e mais alguma coisa a um poder económico com passadeira vermelha que pode ser perigosa para a autonomia do poder político e para a independência das pessoas. Sérgio Gonçalves tem esse perfil, mas precisa de se fazer político e sobretudo precisa "fazer" um novo PS Madeira, mais unido, mais crescido, mais incisivo na luta política e com um único comando. Haja quem mande, mesmo que mande mal. Neste caso, precisa mandar bem urgentemente.

Sérgio Gonçalves vai certamente construir o seu projeto politico, mas precisa de construir sobretudo um novo PS-M, sabendo que não é fácil gerir um partido que está na oposição e que, por isso, tem menos palco.

Como há dias dizia o médico João Pedro Vieira, falando de oportunidades perdidas, dizendo que "se em Leiria fomos capazes de vencer pela primeira vez, na Madeira talvez também tivéssemos sido se em vez de darmos azo a inovações injustificadas tivéssemos mantido estabilidade no projecto e acabado com o fogo amigo aos nossos autarcas do Funchal. É essa diferença de ambição, de quem em 2019 ficou a menos de 4% do PSD, que exige uma mudança de perspectiva, para que onde perdemos votos sejamos capazes de voltar a ganhar. Onde é necessário corrigir, não se deve optar por maquilhar e disfarçar".

E escreveu mais: "E no caminho para as regionais de 2023, o PS tem muito a fazer: reflectir sobre os motivos que continuam a impedir-nos de somar verdadeiros sucessos eleitorais; a mobilização de um partido que não tem dimensão suficiente para ter dispensáveis, onde não chega parecer que se somam partes e abraçar discursos saloios de união promovidos por quem afinal cria cisões".

E é isto que espera Sérgio Gonçalves. E não se resolve só com economia e com empresários...

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