Silêncio do PSD-M "interrompido" com "contra ataque" interno: "cospe no prato onde comeu e come".
Sérgio Marques, antigo secretário regional do primeiro Governo de Albuquerque e presentemente deputado na Assembleia da República, caiu em "desgraça" com as declarações que fez ao Diário de Notícias de Lisboa denunciando cumplicidades de grupos empresariais com o Governo da Região e apontando o dedo tanto a Alberto João Jardim, antigo presidente do Governo Regional e do PSD-M, que diz ainda mandar no partido, como a Miguel Albuquerque, o atual líder. Sérgio, que sobre si tem a designação, nos meios mais reservados dos seus críticos, do "Sem Malícia", com toda a malícia, está bom de ver, veio deitar uma "bomba" na trincheira onde sempre viveu e onde fez vida política.
O PSD Madeira está em silêncio, mas a revolta é grande. E nem as declarações de Sérgio Marques ao JM, hoje, dizendo ter prestado algumas declarações em "off", para tentar atenuar os efeitos, fez com que o PSD-M acalmasse internamente. Ninguém acredita na versão do "off" e o próprio jornal continental já veio esclarecer ter cumprido todas as regras, o que deixa Sérgio Marques numa posição ainda mais vulnerável do que já estava.
Várias fontes garantem que, tanto o PSD-M como o empresário Luís Miguel Sousa partilham da mesma visão: Sérgio Marques "cospe no prato onde comeu e ainda come". E partilham da mesma palavra para definir o comportamento do agora deputado: ingratidão. Uma forma de estar desde sempre, diz quem o conhece bem dentro do partido e do meio empresarial.
Politicamente, foi Jardim quem o indicou para deputado europeu, onde se manteve durante anos com todas as mordomias que isso representou. Resultado: foi contra Jardim. Depois, Albuquerque fez uma escolha para secretário regional com o objetivo de tê-lo na "mão", ou seja não o ter como adversário interno, uma vez que Sérgio Marques tinha protagonizado uma candidatura própria à liderança do PSD-M contra Miguel Albuquerque. Resultado: insurge-se contra Albuquerque acusando-o de cumplicidades com empresários e de ceder a pressões.
Mas há outro aspetos que outras fontes, já no âmbito empresarial, focam como ingratidão de Sérgio Marques, que nesta entrevista coloca o grupo Sousa e Luís Miguel Sousa como um dos mais beneficiados do regime e da liderança de Albuquerque. Só que aquilo que Sérgio Marques não diz, mas é verdade, tem a ver com o facto de ter começado a sua carreira precisamente no grupo Sousa (diz só que trabalhou 8 anos no grupo) onde integrou o conselho de gerência como vogal, num estrutura com Rui São Marcos, Luís Miguel Sousa e Ricardo Sousa. Resultado: acusa o grupo de cumplicidades com o Governo, o que para muitos até é verdade mas consideram que Sérgio Marques não tem legitimidade para este "ataque" por dentro.
Sérgio Marques nunca foi uma figura consensual dentro do partido e no âmbito do exercício dos cargos, sendo que a nomeação para secretário regional com o pelouro das obras foi uma decisão errada de Albuquerque, que em sua posse já tinha a aversão que o governante demonstrava pela política do betão, o que desde logo criou problemas junto dos empresários da construção civil, pela morosidade nas decisões, os processos andavam devagar, com atritos de tal ordem que Albuquerque sentiu necessidade de mudar de secretário e "mandar" Sérgio Marques para a Assembleia da República. Um afastamento com "cadeira dourada" em São Bento.
Mas nem aqui se Sérgio foi consensual. Até hoje. Fontes ligadas ao Parlamento da República dizem mesmo que é o menos ativo até entre os deputados das ilhas. E não raras vezes, invoca falta de tempo para evitar a feitura de relatórios de comissões, o que deixa algum desconforto nos restantes deputados da Madeira.
Falta agora saber como vai ficar a vida de Sérgio Marques depois deste "off-on" que pode resultar em fim de ciclo.
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