Sérgio Marques "reaparece" para pedir um líder (PSD-M) "expurgado de suspeições"

"A demissão de Miguel Albuquerque com vista à convocação de eleições regionais, é a única forma de defender e preservar as Instituições Autonómicas e a própria Autonomia".

Sérgio Marques, antigo secretário regional de Miguel Albuquerque, que tinha as obras públicas a seu cargo e que veio denunciar publicamente algumas situações de favorecimento do Governo relativamente a empresários, o que lhe garantiu a saída de deputado na Assembleia da República, fez uma publicação no Facebook sobre a atual crise política na Madeira defendendo que "a demissão de Miguel Albuquerque com vista à convocação de eleições regionais, é a única forma de defender e preservar as Instituições Autonómicas e a própria Autonomia que, neste como noutros momentos, só é devidamente respeitada se existir credibilidade política".

O antigo governante "ressurgiu" de uma "hibernação" política num momento em que tanto o PSD-M e o Governo passam por grande incerteza e instabilidade, lembrando-se que Sérgio Marques foi opositor de Albuquerque nas internas que levaram à nova liderança pós jardinista, mas acabou como secretário de Albuquerque que "repescou" o antigo deputado europeu para a ribalta. Não por muito tempo, uma vez que Sérgio Marques acabou por sair e foi o próprio que ligou essa saída a pressões do homem forte do grupo AFA, que considerava Sérgio Marques um governante pouco amigo das obras públicas.

Foi também ele que liderou o processo de venda do Jornal da Madeira, com contornos de reestruturação complexa e rescisões "cirúrgicas", num processo que viria a conduzir a propriedade do título, transformado no JM, para o emprésario Avelino Farinha, hoje detido no âmbito das suspeitas de corrupção.

Hoje, na rede social, o antigo governante e deputado europeu e na República, diz: "Não consigo vislumbrar, a esta distância, outra alternativa que não passe pela marcação de eleições regionais antecipadas, dando o Sr. Presidente da República tempo ao PSD para se reorganizar em eleições internas, que facilitarão ao meu partido a possibilidade de encontrar um líder expurgado de suspeições, e devidamente legítimado, escolhido pelos militantes, como se impõe, e não por uma pequena cúpula partidária, para concorrer a umas Legislativas Regionais onde o principal adversário, líder do PS, tem a mácula de igualmente impenderem sobre si suspeições de corrupção. De preferência num processo interno pacífico, unificador e sereno, ao contrário do que aconteceu em 2014, onde era imperioso um debate alargado, vibrante, renovador, após uma longa presidência de mais de 30 anos".

Sérgio Marques diz ser "com grande espanto que observo, da parte do partido que faz coligação governativa com o PSD, a exigência da demissão imediata de Miguel Albuquerque e de todo o elenco governativo, o que significaria uma pouco responsável queda do Orçamento Regional, com todas as consequências que advém de adiar mais alguns meses um instrumento fundamental para a aplicação das verbas do PRR e do Quadro Comunitário 20-30.

Esta posição que, não duvido, tem acolhimento numa pequena franja do meu partido, seria a todos títulos desastrosa, não cuidando do interesse público e, já agora, partidário".

Reforça que "tendo o PSD eleições diretas este ano, tal manobra mais não seria do que adiar o problema alguns meses. Um líder governativo, mas não partidário, que emana numa situação de desconfiança, suspeição e caos político generalizado, terá uma fragilidade ainda maior do que já é habitual numa situação de recurso. Posso afirmar que terá um fragilidade inédita. Uma vida breve e atribulada"

"Compreendo que para qualquer partido nesta circunstância, não apenas o PSD ou o CDS, pareça mais simples tentar manter a situação. Tentar resistir. Mas tal atitude apenas ajudaria a degradar, ainda mais, a imagem junto à nossa população, apresentando-nos alapados ao poder".