Não acho que os governos da República devam ter representantes da Madeira só porque sim, mas entre socialistas madeirenses, é o ativo com melhores resultados.
A nomeação de Paulo Cafôfo para secretário de Estado das Comunidades é um facto positivo. Não acho que os governos da República devam ter representantes da Madeira só porque sim, uma espécie de quotas, ou para cargos de ligação com as ilhas, para isso há o primeiro-ministro e o presidente do Governo, que em determinados casos, eventualmente, podem delegar funções. Ministros ou secretários de Estados das Autonomias, não obrigado.
As nomeações não devem estar subordinadas à origem geográfica, mas sim a uma escolha que, incluindo a Madeira, esteja enquadrada naquelas que são as preocupações no âmbito da vida das Autonomias. E de facto, entre socialistas madeirenses, Paulo Cafôfo é o melhor ativo, até hoje, o ativo com melhores resultados foi presidente da Câmara do Funchal e líder do PS-M com um resultado muito próximo da mudança política na Região. São factos. E sendo uma escolha por ativo, e julgo que pelo perfil no entendimento de quem escolheu, a pasta das comunidades é uma das que se enquadram melhor atendendo à vasta comunidade madeirense pelo mundo. Já tivemos Baltasar Gonçalves no Turismo, num Governo PSD/CDS, Correia de Jesus com Cavaco, por duas vezes, uma nos Assuntos Parlamentares e outra nas Comunidades, e Bernardo Trindade em governo PS, na pasta do Turismo.
Mas independentemente da prestação, que só poderemos avaliar com o exercício do cargo, existem algumas questões que o próprio Paulo Cafôfo deverá ter em conta, designadamente o equilíbrio de gestão nas novas funções, o segurar o cargo com postura institucional, acima das quezílias partidárias e das discussões menores, o que nem sempre tem conseguido evitar nas funções "in Madeira".
Não sei se Paulo Cafôfo já sabia do convite para secretário de Estado quando concedeu a entrevista ao Diário, onde desancou em Miguel Gouveia sem necessidade. Mesmo que pensasse isso, estava no seu direito, não era preciso a exposição pública e o abrir uma discussão com inevitáveis divisões internas, foi mau até para o seu sucessor na liderança do PS-M, como de resto se viu pelas reações. Não sei, também, se já sabia do convite, sábado passado, quando "atacou" os críticos internos no PS-M, outra abordagem sem qualquer relevância política, nem para o próprio nem para o partido, mesmo tendo em conta que no caso deste posicionamento, aconteceu num órgão interno. Que obviamente foi um conteúdo que saiu.
Se já sabia que ia ser secretário de Estado, não foi muito oportuna a postura que manteve relativamente a uma ala do PS-M. Era importante ter estado acima disso tudo. Uma coisa é o debate de liderança e a mágoa por algumas críticas internas, outra coisa é o que se segue na vida política ativa onde não tem qualquer interesse carregar uma "carga" de críticos do PS a juntar aos críticos naturais dos outros partidos.
É bom que estes ímpetos possam ser dispensáveis no exercício do cargo de secretário de Estado. Pode ser que sim.
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