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Teleférico deixa o PAN entre ser PAN e estar com o Governo

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia



O PAN mudou de opinião? Mudou. O PAN mudou de opinião devido ao acordo com o Governo? Mudou. Está no seu direito? Está. Mas o que não pode nem deve fazer é tentar dizer o que não é.




O PAN não tem nada a ver com o PSD e com o CDS. Não tem mesmo nada a ver, historicamente com posições distintas, com a defesa de assuntos que até normalmente são difíceis de gerir por parte dos governos e sobre os quais é muito mais fácil o PAN contrariar, como tantas vezes o fez, estando na oposição sem compromissos.

Acontece que o PAN, agora, é como se estivesse no Governo Regional. Não está, mas é como se estivesse. Tem um acordo de incidência parlamentar que lhe confere um estatuto de "um pé e meio dentro do Governo e o outro meio pé fora", e com esse quadro está "preso" por todas as pontas, por muito que o politicamente correto faça o PAN ser um "bem comportado" a "fingir que é mau".

Mas o PAN, agora, faz parte. Não pode continuar o que via da forma como via. O olhar, agora, não pode ser o olhar descontraído só para contrariar. Agora, o seu voto vale um governo e em nome da responsabilidade, como diz a deputada Mónica Freitas, o PAN não pode ser bem o PAN, deve ser um PAN cauteloso, um PAN como se governasse. O que é normal, pode não ser corente e ser pouco PAN na forma como o conhecemos, mas é normal para um partido que assinou um acordo para viabilizar o Governo e que não pode andar, como andava, a "mandar bocas" à estrada das Ginjas e ao teleférico do Curral das Freiras.

E é relativamente a este projeto que PAN apresenta uma das suas grandes dificuldades, como se viu na Assembleia onde se discutiu a suspensão do projeto, que acabou chumbada precisamente pelo PSD, CDS e PAN. Mas afinal, o que defende o PAN? Não acha o projeto válido? Não acha válido mas diz-se com tanta responsabilidade que não vai impedir o avanço do projeto no ponto em que está, com dinheiro investido e com o risco de indemnização caso não vá para a frente, custando caro ao contribuinte madeirense, como referiu Mónica Freitas.

Trocando por "miúdos", o PAN está a pensar mais nos custos de inviabilizar o projeto do que propriamente nos eventuais efeitos do projeto. Aquilo que antes tinha como posição conhecedora, credível e defensora das questões ambientais, tem agora novos dados que levam o PAN a ter posição diferente. E por isso, votou ao lado do Governo, como combinado.

O PAN mudou de opinião? Mudou. O PAN mudou de opinião devido ao acordo com o Governo? Mudou. Está no seu direito? Está. Mas o que não pode nem deve fazer é tentar dizer o que não é. Deixe-se ficar pelo argumento que o projecto já teve muito investimento. A partir de agora, tente falar pouco do assunto e veja se "passa entre os pingos da chuva". Ninguém leva a mal. Ninguém esperava que o PAN fizesse o que outros não foram capazes.

E é isto mesmo. Mais cedo ou mais tarde, vêm ao de cima potenciais contradições e mudanças de opinião, o que de resto é normal para um partido que tem na sua matriz uma forte componente de defesa ambiental tantas vezes exercitada através de comunicados e outras tomadas de posição.

Mas agora é diferente. O PAN pode não estar no Governo, mas está com o Governo. E o acordo, não sejamos honestos, é para tudo o que o Governo quiser.





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