A Política, hoje, circunscreve-se a um debate entre os menos maus e não entre os melhores. É uma uma naturalidade resultante de uma falta de exigência, de um conformismo, e do afastamento de competências por parte das máquinas partidárias e governativas.
É difícil, hoje, em várias áreas de atividade, termos lideranças fortes, carismáticas, referências de presente e de futuro. Os tempos são outros, e nem aprecio aquela expressão "no meu tempo é que era" porque todos somos do tempo em que estamos, mas independentemente dos tempos e dos lugares, as lideranças devem ser fortes, carismaticas e referências, capazes de uma mobilização natural pela competência e não mobilização artificial através de meios de dimensão fictícia que normalmente acabam por camuflar as insuficiências e transforma-las em competências.
Hoje, também na política, um pouco por todo o mundo, naturalmente com a correspondente adaptação às realidades nacional e regional, as lideranças são maioritariamente fracas, impreparadas, assentes em máquinas partidárias de favor, de cumplicidade, de manobras de bastidores, de baixa capacidade negocial, sem elevação, com contradições constantes e com um reflexo muito grande, depois, na vida das populações, acabando por incentivar a abstenção e permitir, com isso, a legitimação de governos eleitos democraticamente mas sem o crivo real dos eleitores realmente inscritos, às vezes representando uma percentagem elevada. E tanto é assim que ganha alguma relevância o debate sobre se o voto deveria ou não ser obrigatório.
Mas seja como for, com mais ou menos voto a questão é a mesma: faltam líderes, em quantidade e em qualidade, o que normalmente conduz o eleitorado a uma escolha em divergência com os seus próprios objetivos, apostando no menos mau em vez do melhor, como deveria acontecer efetivamente. Ou então, na falta de opções fortes, há uma tendência que privilegia quem está em prejuízo de mudanças que, não se apresentando com aquela força necessária além das palavras, acabam por não passar do espaço onde estão confinadas. A Política, hoje, circunscreve-se a um debate entre os menos maus e não entre os melhores. É uma naturalidade resultante de uma falta de exigência, de um conformismo, e do afastamento de competências por parte das máquinas partidárias e governativas, que se regem pelo seguidismo e pelo bom comportamento, pelas estratégias e pelo espírito de clube, onde ser fiel, diferente de ser leal, é uma condição primeira de recrutamento.
É uma pena, mas estamos assim. Nos contextos mundial, europeu, nacional e regional.
Temos "política" e "políticos" mas faltam "Líderes".
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