Uma demissão na pior altura para Albuquerque e para o PSD-M

A verdade é que, por muitas avaliações e relatos de normalidade do próprio presidente, a demissão neste momento funciona como uma "mensagem" para Miguel Albuquerque.

Não há momentos bons para enfrentar uma demissão. Mas há momentos em que uma demissão se torna mais inoportuna. Que incomoda, que perturba, que suscita dúvidas e potencia especulações.

É o caso da demissão do chefe de gabinete de Miguel Albuquerque, Medeiros Gaspar, que em véspera de eleições regionais e num contexto em que o lider do Governo e do PSD-M está focado em recuperar popularidade depois das suspeitas de envolvimento em casos de corrupção, dá uma expressão relevante para o posicionamento do Governo e do partido. Um "bater com a porta" num cargo que não pode ter maior proximidade como é o de chefe de gabinete.

Medeiros Gaspar é tido como um quadro político de grande ponderação, um social democrata de sempre, foi deputado na Assembleia Regional e várias fontes adiantam que uma demissão assim, neste momento, a 23 dias das eleições regionais, não se enquadra no perfil do demissionário, sobretudo por saber os efeitos que essa demissão iria provocar no presidente do Governo e do partido.

Uma das explicações passadas para o exterior prende-se com o descontentamento relativamente à lista do PSD-M à Assembleia Regional, sendo que do lado oficial apontam que Albuquerque teria ignorado a vontade de Medeiros Gaspar voltar à Assembleia, não estando alheio o facto do chefe de gabinete ter primado pela ausência, na Quinta Vigia, nas últimas três semanas, facto que já teria sido comentado no seio do Governo, adensando as dúvidas sobre o que se estaria a passar.

A verdade é que, por muitas avaliações e relatos de normalidade do próprio presidente, a demissão neste momento funciona como uma "mensagem" para Miguel Albuquerque. O momento não foi por acaso, pelo que várias fontes suspeitam que algo mais grave estará a acontecer para que Medeiros Gaspar tenha decidido pedir demissão num contexto tão importante como este consciente que isso implicaria trazer mais dúvidas sobre unidade, tão necessária para este desafio eleitoral.