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Foto do escritorHenrique Correia

Uma Região, dois "estados"...




Dizer que não interessa a subida de preços nos privados porque o Governo faz casas para compensar, pode vir a ser perigoso em favor da especulação do mercado e contra a população que quer viver e já não pode na sua própria terra.





A Madeira está entre as quatro regiões do País onde o preço das casas mais sobe. A par de Lisboa, Porto e Algarve. Dados correspondentes a estudos, mas dados que qualquer madeirense pode comprovar quando faz uma simples prospecção de mercado para si ou para os filhos e facilmente chega à conclusão das dificuldades que o mercado transmite em função daquele binómio procura/oferta que está a empurrar a Madeira para uma realidade de uma Região, dois "estados".

O presidente do Governo Regional tem razão quando afirma o que é elementar nas sociedades desenvolvidas: os governos criam condições de estabilidade para fomentar o investimento, a saúde económico financeira das empresas, consequentemente com a criação de postos de trabalho, redução de desemprego e mais rendimento das famílias. O princípio é este e não parece sofrer grande contestação do ponto de vista geral da vida das sociedades. Miguel Albuquerque afirma estar a criar condições, os empresários cresceram, num meio pequeno são poucos os que crescem e os que crescem são sempre os "crescidinhos" para fazer coisa de crescidos. Mas até aí tudo certo. O importante é cumprir o objetivo do dito desenvolvimento.

Mas respeitando esse princípio, dando de barato que e o mercado a funcionar por haver uma grande procura que encarece os custos e uma oferta já desenvolvida para valores acima do que alguma vez se podia prever. Os privados estão livres no mercado e a "caridade" fica para o setor público, uma "caridade" que não é a de antigamente, é muito mais abrangente e já atinge a classe média, que há uns anos comprava no mercado privado e hoje já só tem alternativa nas casas sociais que dizem colocadas à venda 30% abaixo dos valores de mercado, o que leva, desde logo, a questionar sobre o realismo desse valor 30% abaixo do mercado, ou seja 30% abaixo de um mercado inflacionado da forma que se conhece. Menos 30%, é verdade, mas ainda assim a preços elevados.

Seja como for, com a especulação imobiliária, que existe por muito sol que tentem tapar com uma peneira, esta solução de casas a custos controlados, sobretudo pelo facto de haver um período de renda de acordo com os rendimentos e do pagamento das rendas descontar no momento da compra, constitui para já a solução única para 85% dos madeirenses, dando de barato que os restantes 15% poderão ter poder de compra para o privado no centro e periferia do Funchal.

Estamos, assim, num cenário de uma cidade, dois "estados" de coisas. O centro e uma certa periferia para residentes de luxo, para unidades hoteleiras e alojamentos locais, ficando a parte de cima da cidade para os jovens madeirenses ou famílias sem poder de compra para esse imobiliário nivelado por cima. Os jovens madeirenses estão a ser empurrados para fora da cidade do Funchal e, mais do que isso, só encontram casa com a ajuda do Governo. É esta a expetativa da juventude até ver como será reativado o mercado das Cooperativas. Mas para já, soluções de casa para os jovens casais são estas do PRR, as tais 800 que estão a ser construídas entre a Câmara e o Governo.

Tanto Miguel Albuquerque como Pedro Calado estão preocupados e um pouco entre "a espada e a parede": não defraudar os objetivos dos empresários nem perder a sua confiança "assobiando para o lado" perante uma ou outra especulação, mas também com a consciência que não podem perder a juventude, de tal modo que Calado, que neste particular seria o mais prejudicado com descontentamento do eleitorado, pelas ambições que tem, aproveitou o espaço nos jornais para garantir defesa da habitação, casas para "dar e vender" e promessas de soluções que dêem para todos. Veremos...

Uma coisa é certa: esta realidade habitacional pode vir a ser um grave problema para o Governo nesta Legislatura. Porque é abrangente, porque atravessa gerações, e porque atinge uma parte significativa do eleitorado da coligação.

Dizer que não interessa a subida de preços nos privados porque o Governo faz casas para compensar, pode vir a ser perigoso em favor da especulação do mercado e contra a população que quer viver e já não pode na sua própria terra.

É preciso incentivar o mercado. Mas também é preciso sensibilizar o mercado. Há quem chame bom senso, por sinal uma arma que deveria ser importante para quem governa.



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