É importante o escrutínio, é importante o alerta e é sobretudo decisivo que quem governa não tenha uma visão sectária das realidades e das críticas
O partido Juntos Pelo Povo veio domingo a público denunciar um caso de "uma utente há 15 anos em lista de espera para cirurgia. “É mais um exemplo da realidade muito triste da gestão da Saúde, que tem um discurso de negação destes casos de sofrimento cuja resolução tem de ser célere.”
Independentemente de quem denuncia, da dialética política e das intenções do autor enquanto oposição à governação regional, estamos em presença de uma situação (provavelmente existirão outras, mas soube-se desta) que, a ser verdade e tomando como certo o sentido de responsabilidade do denunciante, é completamente inadmissível e mereceria uma rápida intervenção por parte da tutela no sentido de averiguar, concluir sobre as razões deste inexplicável atraso e saber a eventualidade de erros processuais ou negligências pessoais, uma vez que, assim de repente, será de colocar de parte o conhecimento da situação e a inércia de atuação, dos responsáveis máximos da Saúde, se porventura tivessem conhecimento da situação. Este caso não se explica, mas seria muito mais grave se fosse do conhecimento da tutela sem a correspondente intervenção. Porque uma coisa é assumir as listas de espera, extensas, com um plano de recuperação em curso, compreendendo-se que leva tempo a recuperar e metem-se, a todo o momento, situações graves a exigir intervenção imediata, outra coisa é estar em lista de espera há quinze anos. Se dez é excessivo e cinco é muito, quinze é escandaloso seja para que lista for.
Tirando as observações demagógicas que normalmente campeiam nas campanhas eleitorais, e sem tomar a parte pelo todo, deixando claro o trabalho feito neste domínio, é importante o escrutínio, é importante o alerta e é sobretudo decisivo que quem governa não tenha uma visão sectária das realidades e das críticas, do género o Governo faz sempre tudo bem, a oposição diz sempre tudo mal. Não é assim que os países ou as regiões progridem em democracia. Ter a capacidade de relevar a ação do Governo na Saúde e simultaneamente apontar falhas trazidas a público por utentes e partidos, é a expressão da sã convivência democrática e do crescimento da visão política e partidária.
Por isso é que este caso das listas de espera, sabendo-se que há também problemas no resto do País, deveria ser objecto de uma espécie de OID, Operação Integrada de Desenvolvimento, no sentido de mobilizar governo, partidos, câmaras, sociedade civil e profissionais de saude, na procura conjunta de soluções. Este é um daqueles casos em que as ideologias, a política barata e o debate partidário estéril não são necessários. Porque estamos a falar de pessoas...
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