"Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega. E então eu votarei contra o Orçamento".

Luís Montenegro disse que um não era um não ao CHEGA. Desse no que desse. E mantém, mesmo que tenha dado mais Ventura do que toda a gente pensava. O homem das 48 cabeças, como refere o título muito oportuno e bem pensado do jornal i, a propósito dos 48 deputados eleitos pelo CHEGA, que como se sabe tinha 12 na Assembleia da República.
André Ventura vai mandar no Governo mesmo sem fazer parte dele. Se Montenegro quiser governar com sucesso, vai ter que negociar com o CHEGA, uma vez que o PS não está disponível para qualquer entendimento tipo Bloco Central.
Na verdade, Ventura já disse ao que vem: sem negociação com o CHEGA, a AD tem tudo chumbado. E até impõe condições para o próximo Governo: não pode ter membros de partidos inferiores ao CHEGA em representatividade. Portanto, nem CDS nem Iniciativa Liberal podem ter governantes por imposição de Ventura. Montenegro ainda não sabe o que Marcelo vai decidir, é natural que o convide para formar governo, mas já fica a saber que o CHEGA impõe condições. E se o líder do PSD insistir no não é não, sem contar com o PS, o Governo tem os dias contados e o Orçamento vai abaixo. Como se vê, ou o espírito de negociação de Montenegro inclui o CHEGA, ou teremos eleições ainda este ano. E provavelmente com o CHEGA ainda mais forte.
Na entrevista à CNN, Ventura lembrou que "os portugueses optaram pela segunda via, que foi dizer que nós não queremos a maioria nem do Chega nem do PSD, queremos um Governo. Infelizmente, na minha perspetiva, liderado pelo PSD, mas com o Chega como pilar...Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega. E então eu votarei contra o Orçamento", disse o líder do CHEGA.
Ventura deu um exemplo do que poderia ser uma negociação: "Vou-lhe dar um exemplo que se calhar me fará perder votos, mas eu vou dizê-lo aqui na TVI. Imagine que Luís Montenegro dizia que abandonam a questão da prisão perpétua, nós aumentamos penas noutros crimes sem chegar à prisão perpétua, e em troca damos o suplemento às polícias e aumentamos as pensões. Eu assinava na hora. Isto é um exemplo de cedência e de negociação".
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