A fruta fica "doce" mas o preço é "amargo"
- Henrique Correia
- 13 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Os episódios são recorrentes nos mercados do Funchal. Nos Lavradores, já todos conhecem, menos os turistas. A fruta leva açúcar só para provar e o preço "amarga" quando é para pagar. A ARAE está em cima do açúcar, falta ver o "amargo".

O problema é grave e não é novo, ou seja é grave há muito tempo. O preço de algumas frutas, no Mercado dos Lavradores, roça o absurdo, de tal modo que já foi alvo de inúmeras abordagens sobre queixas, sobretudo de turistas, que apontam o custo exagerado dos produtos, mas também a qualidade, que muitas vezes não corresponde à verificada na prova disponível, onde a adição de açúcar é uma realidade.
Sendo uma Região turística, exige-se uma outra intervenção, fiscalização diga-se. E se a legislação não é suficiente para intervir, façam as mudanças que forem convenientes ou coloquem em causa, mesmo, as licenças concedidas para os espaços de acordo com o conhecimento que o cidadão comum tem e que certamente as autoridades fiscalizadoras também.
Um dia destes, as chamadas redes sociais fizeram eco de uma situação ocorrida no Mercado, sempre ali, onde o preço voltou a estar em discussão. Para o caso, não importa se o comprador leva a esse preço e não o devia fazer, logo não pactuando com essa triste realidade. O que é preciso debater não é isso, o importante é termos em conta que são pessoas que visitam a Região e que desconhecem, por vezes, os preços em correspondência com os produtos, mas com tabelas dispares mesmo dentro do espaço Mercado, que deveria ser o garante da segurança e da confiança total. Infelizmente, neste aspeto, não é.
O episódio relatado por uma cidadã, Élia Lima, prende-se com um episódio ocorrido com um casal amigo, de visita à Região: "Atenção, tenham cuidado com as famosas frutas (TROPICAIS) que são vendidas no Mercado dos Lavradores, são dadas a provar ao cliente por umas simpáticas senhoras vendedoras de uma barraca, quase pegam nos clientes ao colo para lhe darem a volta a cabeça, depois são confrontadas com o valor a pagar aí está uma fatura de um valor que um casal meu amigo vindo de Lisboa pagou, sentiram-se roubados, as autoridades que estejam atentas a esta roubalheira, isto dá má fama a nossa terra. Ate tenho as fotos das senhoras da dita barraca, fui lá reclamar e ainda são mal educadas, uma vergonha".
Refira-se que bem recentemente, a ARAE, Autoridade Regional das Atividades Económicas, veio alertar, e muito bem, para a situação verificada nos mercados com as frutas que são dadas a provar aos turistas e às quais os vendedores adicionam açúcar para garantir a compra.
Diz a ARAE que "o corte da fruta e a adição de açúcar, respetiva exposição e distribuição para prova dos clientes, constituem ações de manipulação dos géneros alimentícios à luz do Regulamento (CE) n.º 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril de 2004, relativo à higiene dos géneros alimentícios, o que obriga ao cumprimento das regras de boas práticas de higiene ali contidas, e especificamente das constantes dos capítulos II e III do anexo II do referido Regulament"..
Esta prática, lembra a Inspeção, ainda que seja prestada, por forma escrita, visível e em diversas línguas, a informação de que a fruta contém açúcar adicionado, é uma prática que contende com normas de segurança alimentar e de licenciamento.
"A disponibilização de amostras de frutas (manipuladas) para consumo por vários cidadãos em simultâneo e bem assim, a exposição da fruta aberta numa zona de circulação de pessoas, sem qualquer acondicionamento ou refrigeração através, por exemplo, de uma vitrine refrigerada, consubstanciam práticas potenciadoras de riscos de contaminações, poeiras ou outros contactos, que podem afetar a saúde dos consumidores."
Acrescenta a ARAE que "os utensílios constituem igualmente uma fonte de contaminação e têm de obedecer às regras constantes do supramencionado Regulamento, devendo ser esterilizados após cada utilização, no caso de utensílios reutilizáveis ou ser descartados após utilização única, no caso de utensílios em material biodegradável."
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