Miguel Albuquerque encerra debate do Programa de Governo seguindo os "recados" de Rui Barreto para a coligação: o exercício de governar não é um exercício de egos.
O episódio de discussão pura, que aqui demos conta no seu devido tempo, ocorrido no primeiro plenário de Governo entre Miguel Albuquerque e Rui Barreto devido à nomeação de Teófilo Cunha, anterior secretário regional das Pescas, para adjunto da Secretaria da Economia, deixou marcas no relacionamento mesmo que tenha passado a haver um esforço conjunto para manter a coligação segura.
Albuquerque recusou essa nomeação de Barreto e disse-o cara a cara, com todas as letras e em tom suficiente para "chegar a dentro". Barreto ouviu, argumentou o possível, mas deixou passar uns dias e a solução foi Teófilo Cunha ir à Quinta Vigia acalmar os ânimos e não aceitar, uma forma muito política de resolver o problema.
Esse episódio foi de tal ordem que chegou mesmo ao conhecimento do Representante da República, havendo a preocupação que fosse concretizada a ameaça de Albuquerque de romper com o acordo, o que resultaria em queda do Governo. Os ânimos acalmaram, mas os "recados" não. De um lado e do outro, Albuquerque e Barreto querem manter uma tensão de unidade necessária com objetivos bem definidos: a Madeira acima dos partidos o sentido de responsabilidade para os compromissos assumidos e assinados, nada de brincar aos partidos e aos egos.
Na verdade, no debate sobre o programa de Governo, como já fizemos referência, Rui Barreto deixou "recados" concretos a quem porventura possa colocar em causa o governo por taticismo pessoal e partidário. Uma vertente que, por acaso, ou talvez não, Miguel Albuquerque repetiu hoje no encerramento do debate, onde por diversas vezes deixou claro quem manda quando falou em "meu governo". Não brincar aos partidos e honrar compromissos assinados. Há tempo para auscultar e tempo para decidir, o "meu Governo não vai pedir licença para resolver os problemas dos madeirenses".
Albuquerque lembra que este governo de coligação com o CDS e acordo de incidência parlamentar com o PAN, resultou de entendimentos outorgados e assinados por pessoas sérias, é o reflexo de convergências ao serviço dos madeirenses e porto-santenses. O ato de governo não é uma brincadeira de partidos, tem de haver respeito de assumir os compromissos. O exercício da política não é um exercício de egos. O mandato impõe um sentido de responsabilidade, de humildade, de concertação de posições. Se não houver um quadro de estabilidade, toda a Madeira será afetada".
Recorde-se que Rui Barreto já tinha afirmado que "o povo não perdoará a quem, por taticismo de forma artificial, em nome de agendas pessoais, criar instabilidade originando perda de confiança, desinvestimento, retracção económica, desemprego, novas tensões sociais. Precisamos de moderação em vez de gritaria, de competência em vez de mediocridade, de colocar os interesses públicos à frente dos interesses partidários".
Vários sectores ligados aos dois partidos estão atentos a esta espécie de "guerra fria" entre PSD e CDS, mas acreditam que a governação falará mais alto e o acordo vai durar quatro anos. Mas também acreditam que se houver algum rompimento, mais depressa surge do CDS do que do PAN.
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