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  • Foto do escritorHenrique Correia

Como é que as consultas de psicologia não são comparticipadas?


Neste contexto pandémico, é importante refletirmos sobre o grave problema da saúde mental, mas ainda mais das consequências da pandemia a esse nível.




O psiquiatra José Gameiro trouxe a debate uma questão que a pandemia fez emergir de forma mais acentuada e que nos transporta para um nível de existência sobre a qual a sociedade não quer falar e os governos não querem resolver. O isolamento agravou isolamentos, a pandemia agravou outras pandemias, mas este enquadramento, apesar de real e grave, nem por isso mereceu intervenção particular no sentido de encontrar respostas que possam recuperar jovens, menos jovens, recuperar pessoas no fundo.

O psiquiatra diz que a Covid-19 deu origem a novas depressões, pessoas com medo de sair à rua, mesmo quando era possivel sair nos piores momentos de confinamento, pessoas que sofrem de bernout - um esgotamento, por exemplo, na atividade profissional - agravado pelas reestruturações das empresas, onde este quadro não é admissível e as pessoas sentem vergonha e medo que o desemprego bata à porta só porque precisam de ajuda. Os medos, de maior ou menor expressão, foram transversais a toda a população nestes tempos de pandemia, muitas pessoas ficaram num estado, algures, entre a psicologia e a psiquiatria, sendo que a sociedade menorizada por valores pouco sólidos, de conhecimentos frágeis na sustentabilidade, ainda só está preparada para os normais, os que têm "pancada" e os loucos mesmo. Está melhor do que no passado, mas ainda está suficientemente mal para que estes problemas da linha vermelha da instabilidade emocional, sejam remetidos para debaixo do tapete. E a incompreensível não comparticipação das consultas de psicologia, que deveria ser uma luta diária da respetiva Ordem e uma decisão óbvia de quem manda face aos novos tempos e novos agravamentos, enviam muita gente diretamente para outros patamares, quando as formas preventivas poderiam, de certo modo, atalhar caminhos e definir outros destinos.

Este problema sério da sociedade constitui, em si, uma pandemia de "longo curso". E a qualquer momento, podemos ter "burnout" em qualquer pessoa de qualquer atividade. Mas como diz o psiquiatra José Gameiro, por experiência própria, as pessoas têm vergonha das baixas psiquiátricas, têm vergonha que alguém saiba, no trabalho, que têm problemas do foro psicológico ou psiquiátrico. Que levem uma "roda" de loucos e com isso um estigma para a vida. E a isto chama-se uma sociedade evoluída?

Neste contexto pandémico, é importante refletirmos sobre o grave problema da saúde mental, mas ainda mais das consequências da pandemia a esse nível.

Quando essa reflexão acontecer de forma natural, então sim, estaremos a construir uma sociedade mentalmente saudável.



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