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  • Foto do escritorHenrique Correia

Escolher os mais capazes, sem amiguismos e sem fidelidades cegas



A "receita" parece de um crítico do sistema, mas é de Carlos Rodrigues, de saída do Parlamento, leal a Miguel Albuquerque mas que foi ao Congresso "tocar na ferida" sem parecer que ia "ferir" o líder.




Carlos Rodrigues é deputado na Assembleia Regional, sai agora da lista. Tem um perfil que não gera consensos, há quem goste do estilo, há quem não goste. Apoiou Albuquerque sem publicitar muito, mas num primeiro momento deu a entender a lealdade com o líder e depois confirmou. Hoje, no Congresso social democrata, sem "ferir" o rumo vigente, tocou "na ferida" do rumo que pode vir se a inércia e o modelo gasto estiverem na base das soluções do partido para o futuro. Não foi apupado, mas outra coisa seria se algumas das coisas que disse saíssem da lavra de críticos.

E foram várias as passagens que deram sentido a um novo "sentido" que propõe, avivando a memória eventualmente para evitar a amnésia seletiva dos que se consideram no poder para ficar: "Devemos, todos, ser capazes de perceber que não existem cargos eternos, posições imutáveis ou direitos adquiridos permanentes. A cada instante, temos de construir, temos de dar o nosso melhor e não nos refugiar em conquistas passadas. Temos, também, de saber sair e dar lugar a outros que estejam em melhores condições para desempenhar as nossas funções, que estejam mais motivados e menos condicionados".

Pois bem, o que disse Carlos Rodrigues talvez tenha provocado um certo remexer de cadeiras. Com ênfase, quem sabe, quando o deputado disse que "os tempos obrigam-nos a ultrapassar os nossos limites, a sermos extraordinários. Exigem respostas singulares, não se compadecem com a vulgaridade e o trivial".

Certamente que quando Carlos Rodrigues disse que apesar do PSD ser vitorioso há quase 50 anos, tem cada vez menos votos, muitos deram comsigo a pensar que o discurso ia bater no tom dos críticos Rubina Berardo e do meio críticos Bruno Melim. Não foi bem, mas Carlos Rodrigues andou lá perto só que de outra forma, com uma "receita" mais suave: "Urge estancar esta sangria com um discurso mais atual, revigorado, assertivo, motivador e enérgico, mas, acima de tudo, com soluções e projetos de rutura, ousados e arrojados".

O ainda deputado olhou para a plateia do partido que tem sido Governo para dizer que

"na Região, enfrentamos um esgotamento do modelo que até agora tem funcionado, mas que atingiu o seu próprio princípio de Peter. Temos tanto de novo a oferecer e é isso que temos de potenciar e impulsionar, é nisso que nos temos de focar, é para aí que nos temos de dirigir".

Carlos Rodrigues assumiu o papel de fazer a pergunta e dar a resposta: Como podemos agir para deixar um partido melhor?

E "arriscou" responder, e bem:

"Em primeiro lugar, com foco nas soluções, no fim do dandismo e da postura leviana que assenta na esperança que alguém fará por nós e que o piloto automático tudo resolverá; escolher e trabalhar com os melhores e mais capazes, sem amiguismos, mas com confiança; sem calculismos primários, mas com cumplicidade; sem fidelidades cegas, mas com lealdades inquebrantáveis; sem qualquer tipo de subjugação a interesses minoritários, sem soçobrar a imediatismos primários, sem imobilismos confortáveis, com uma visão abrangente, envolvente e mobilizadora".

Diz que "desde o militante de base, o cidadão comum, até ao líder e às elites diretivas, estamos convocados e temos de estar imbuídos de um espírito de missão generoso, desprendido, humilde, abnegado e indefetível.

Menos que isto será o caminho certo para a derrota copiosa e para o falhanço gritante".


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