Ex-deputado Carlos Rodrigues: "Os resultados de uma ação decorrente de uma catástrofe nunca poderão ser qualificados como sendo óptimos ou bons".
O resultado do combate aos fogos foi "ótimo", a estratégia um sucesso, não ouviu os partidos ameaçarem com uma moção de censura e diz acreditar que os tempos de intervenção foram aqueles que o Governo disse. Foi este quadro, com estas palavras, que o Representante "pintou" numa espécie de "rescaldo político" dos incêndios. Ireneu Barreto colocou a fasquia alta e "colou-se" demasiado à narrativa do Governo Regional, ainda que se perceba a representação do Chefe de Estado e o que este verdadeiramente pensa relativamente à situação e à postura de eventual apaziguamento em seu nome. Não se sabe, mas pode ser.
Ireneu Barreto sempre teve um posicionamento de alguma ponderação e recato, de equilíbrio em contendas políticas, pelo que não deixou se surpreender a tomada de posição no que diz respeito a uma possível moção de censura, sublinhando desconhecer essa intenção quando vários partidos o tinham feito. Seria suficiente remeter essa fase política para o local próprio, a Assembleia, sem mais comentários que excedem o espaço de competências.
Seria suficiente, também, ter considerado positivo o resultado do combate aos incêndios, sem mortos, sem feridos, sem casas perdidas, tirando o caso da Fajã das Galinhas que até tem uma gravidade elevada para quem lá vive por não poder voltar às suas casas, mas ainda assim sem vidas perdidas. Mas com uma grande área ardida e com sofrimento das populações, numa realidade onde não cabe nem o ótimo nem o sucesso, palavras excessivas num contexto de catástrofe.
Como escreveu o ex-deputado social democrata Carlos Rodrigues, "os resultados de uma ação decorrente de uma catástrofe nunca poderão ser qualificados como sendo óptimos ou bons. Quanto muito poder-se-ia dizer que os meios e as ações foram mais ou menos eficazes e resultaram numa mitigação dos efeitos dessa mesma catástrofe".
Numa publicação no Facebook, Carlos Rodrigues foi mais longe e dá expressão a outras vozes críticas: "As palavras hoje proferidas pelo funcionário não eleito que serve o estado, cargo desnecessário e excêntrico, confirmam o estado decadente a que a política regional chegou. Representa a leviandade com que estes assuntos são tratados, demonstra a distância a que estas figuras decorativas se encontram da sociedade e das pessoas".
Na realidade, Ireneu Barreto deve ter percebido os excessos na avaliação, não essenciais numa possível postura de aclimatar o descontentamento generalizado para com o Governo Regional. De tal modo que, no mesmo circuito, mas na Ponta do Sol, já terá assumido uma posição mais cautelosa para com a situação, também provavelmente porque estava no terreno e, no terreno, falar de sucesso em "terra queimada" fica difícil.
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