O Chega não quer acordos parlamentares na Madeira e isso já é do conhecimento de Albuquerque, daí este "esticar a corda".

Ou querem esta coligação PSD/CDS e dão a maioria absoluta para formar governo ou então não querem e Miguel Albuquerque bate com a porta após as eleições de 24 de setembro, demite-se e não se recandidata no processo seguinte de convocação de novas eleições face a eventual dificuldade de uma geringonça como aconteceu no continente s nos Açores, neste caso envolvendo o Chega.
Albuquerque faz, assim, um claro ultimato ao eleitorado e separa o que quer separar como sendo o "trigo do joio", dizendo sem reservas que não fará acordos com o partido de André Ventura por este ser anti autonomista e não se compaginar com aquilo que defende o PSD-M. O líder social democrata e cabeça-de-lista de lista da Coligação Somos Madeira incute receio no eleitorado com a bandeira da instabilidade política procurando deixar a decisão entre o certo e o incerto. O que Albuquerque quer é uma mobilização que não deixe dúvidas quanto a uma vitória absoluta, o que significa deter a maioria dos mandatos na Assembleia Regional, no caso 24 deputados.
Miguel Albuquerque sabe que o Chega, se sentir o papel de fiel da balança, não vai cometer o erro da estratégia seguida nos Açores, um acordo de incidência parlamentar. Se Albuquerque precisar do Chega para formar governo deve ter em conta a integração daquele partido num futuro executivo. O Chega não quer acordos parlamentares na Madeira e isso já é do conhecimento de Albuquerque, daí este "esticar a corda" na sensibilização do eleitorado para uma maioria absoluta que não deixe dúvidas sobre a inexistência de um terceiro partido no governo regional que colocaria em causa a própria identidade de um governo PSD/CDS. O Chega é um sentido proibido, mas Albuquerque sabe, e tem dados para isso, que o protesto pode levar aquele partido a uma posição de relevo na futura composição parlamentar, onde é previsível que o PS perca deputados e haja uma dúvida muito grande relativamente ao que antes era quase um dado adquirido, a subida do JPP.
Mas além da insistência neste descartar do Chega, nas últimas entrevistas regionais e nacionais, Albuquerque tem marcado os debates e as suas intervenções, com uma indisfarçável inquietação face ao JPP e a Élvio Sousa. Nos debates, o cabeça-de-lista do JPP tem conseguido retirar Albuquerque do sério, sendo que o líder social democrata não tem conseguido manter a calma perante temas sensíveis, com a gestão portuária e o ferry.
Curiosamente, o líder do PS Madeira, cujo carisma não se pode dizer que esteja em alta, apareceu nos debates com uma serenidade e com uma argumentação bem elaborada, estudou bem os temas, não entrando no confronto de ansiedade como aquele que ocorreu entre Albuquerque e Élvio Sousa.
Claro que Miguel Albuquerque tem, como líder político, um capital dificil de superar. E sabe isso muito bem, a tal ponto de aproveitar o momento para lançar o apelo que lança face a uma possibilidades de o eleitorado estar a pensar nos excessos das maiorias absolutas e não colocar os "ovos no mesmo cesto". Cenário que não serviria à coligação.
Vamos ver até onde vai esta estratégia. As sondagens poderão trazer alguma "luz" sobre esta postura do "dar tudo por tudo" de Albuquerque.
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