"Olho da rua" de Albuquerque cai mal no PSD; mensagem no "lugar errado"
- Henrique Correia
- 3 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Líder não quer pôr ninguém no "olho da rua", mas espera que o que disse seja dissuasor relativamente a qualquer atitude ou palavra que se enquadre na subjetividade do que é "confusão". Ou seja, é mais seguro ficarem calados.

"É fundamental perceber que em momentos cruciais é preciso ter unidade na ação. E unidade na ação não é compatível com egos exacerbados. A partir de agora, quem fizer confusão vai para o olho da rua que temos umas eleições para ganhar".
Foi esta declaração de Miguel Albuquerque, o líder do PSD-M, no encerramento do Congresso da JSD-Madeira, que "incendiou" a "família" social democrata que Miguel Albuquerque afirma querer unir. Na sala, com uma plateia de antigos e novos das governações de Jardim e de Albuquerque, foi como que "um fogo que arde sem se ver" e "um contentamento descontente", de Camões, mas com a mensagem do líder. A diferença é que nesta "adaptação" não era soneto de um "poema de amor".
A mensagem de Albuquerque caiu inesperadamente, caiu mal pelo conteúdo, mas para muitos foi mesmo a forma e o momento, inadequados ao contexto de um congresso de jovens, que ficaram assim pelo meio de uma transmissão forte, ameaçadora, para as hostes do partido. O partido ouviu, mas considerou excessivo aquela do "olho da rua". Se é mesmo para unir...
Várias "fontes" garantem que não há assim aquela oposição a Albuquerque como este aviso pode fazer crer. Há diferenças, existem quadros descontentes com esta coligação com o CDS, também com o resultado das negociações, temendo que em 2023 possa o CDS "esticar" ainda mais a "corda" sem ter "corda" para "esticar". Não querem um PSD refém do CDS, muito menos agora em que não há a pressão de 2019 em que a governação dependia mesmo dos centristas. Há divergências dentro do PSD-M, mas o que asseguram é que Albuquerque não quer saber das opiniões e antes que haja qualquer "onda" pretende colocar tudo em sentido. Não quer pôr ninguém no "olho da rua", mas espera que o que disse seja dissuasor relativamente a qualquer atitude ou palavra que se enquadre na subjetividade do que é "confusão". Ou seja, é mais seguro ficarem calados. Pode ser qualquer coisa, pode ser até confundido com restrições à liberdade de expressão interna.
O líder está sem "pachorra" para conversas, como popularmente se diz. Decide, está decidido. E há setores, da governação e do partido, que apontam cada vez mais semelhança ao estilo de Jardim. Albuquerque, não raras vezes, nem deixa margem para debate, é assim e pronto. E neste congresso da JSD-M dirigiu-se a quem se acha "estrela" no partido. Falsas estrelas, como disse. Também disse que "estrelas" só no céu, no partido são todos iguais. O que, formalmente, é verdade, mas lá está de novo a dúvida sobre se foi no lugar certo.
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