Orçamento "copiado" e CDS "posto de lado" na origem da "bronca" de São Gonçalo
- Henrique Correia
- 8 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de jan. de 2022
O CDS pondera abrir um processo disciplinar a António Jorge Pinto sobre o chumbo do Orçamento. O partido que viabilizou a coligação regional e algumas locais, quer continuar assim.

São Gonçalo está "preso" por um voto, o do CDS. Já era na anterior liderança da coligação Confiança, mas então com PSD e CDS concorrendo isoladamente. Com a coligação, ou seja com PSD e CDS numa única candidatura, esperava-se que o 7-6 fosse sempre garantido. Acontece que o eleito António Jorge Pinto, do CDS, "fiel" da balança no anterior mandato, posição que o levou ao chumbo do Orçamento de 2021, voltou a ser determinante agora no orçamento para 2022, mas numa posição de eleito numa lista conjunta PSD/CDS. o chumbo aconteceu com o argumento que o documento não é mais do que um copy paste de 2021, onde faltavam algumas propostas não concretizadas.
A surpresa, a "bronca" mesmo, caiu mal num lado e no outro. Deve vir a caminho um processo disciplinar, com um cunho mais político do que regulamentar. Nada impede este voto "dissidente". Só mesmo a unidade interna da coligação do Governo que agora se estendeu ao Poder Local. Uma unidade que serve para os dois lados mas que alguns centristas dizem e lamentam que se trate de uma exigência apenas para o CDS. Uma "muleta" do PSD para ganhar eleições, um acessório descartável no processo pós eleitoral.
Sabe-se que esta posição de António Jorge Pinto não obedeceu a uma estratégia do partido mas a uma decisão individual na qualidade de eleito. O jornalista e há vários mandatos com poder de decisão nos órgãos locais em São Gonçalo, tendo inclusive sido decisivo na presidência de Tiago Freitas, do PSD, atual presidente da Junta de Freguesia, na Assembleia de Freguesia quando a liderança da Junta era da Coligação Confiança, esteve em foco com esta atitude de chumbar o Orçamento depois de um processo de vários meses em que o CDS não foi ouvido nem achado sobre a elaboração do Orçamento, que terá chegado às mãos do eleito centrista, como facto consumado, dois ou três dias antes da apresentação.
Uma das queixas de António Jorge Pinto, segundo fontes ligadas ao processo, prende-se com a ausência de contactos desde que ocorreu a eleição. Sendo uma lista de coligação, terá estranhado que apenas o PSD liderasse a escolha de pessoas e de propostas como se o CDS não existisse, realidade que terá chegado ao conhecimento de Tiago Freitas, sobre quem recaiu a elaboração da sua equipa com o CDS como "acessório", dizem.
Esta situação, aliada ao facto do eleito do CDS considerar este Orçamento uma cópia do documento apresentado em 2021 e sobre o qual já tinha dado voto contra, fizeram com que António Jorge Pinto se distanciasse do PSD mesmo consciente da nova realidade política, a eleição numa lista conjunta, o que acarreta sempre algumas questões relacionadas com a "disciplina" partidária no âmbito do acordo de coligação.
Sabe-se, também, que as declarações de Pedro Calado, no sentido de pressionar o CDS a uma decisão sancionatória relativamente a esta atitude individual, que naturalmente "mexeu" com a coligação, pode implicar tempos difíceis para António Jorge Pinto, uma vez que embora não possa ser destituído de um cargo eleito, pode vir a ter a confiança retirada, o que deixaria o PSD em situação difícil na gestão da freguesia.
Diversas fontes dizem, no entanto, que neste processo, o próprio CDS deveria avaliar o assunto dos dois pontos de vista, questionando o PSD sobre as razões que terão levado a esta secundarização do CDS num contexto em que a candidatura foi conjunta e, por isso, os dois partidos devem contar para o debate sobre questões importantes, neste caso para São Gonçalo.
É aguardar pelos novos desenvolvimentos. E para saber o que fará o CDS para resolver este assunto sem criar muitas "ondas" com o PSD, pensando já nas regionais de 2023, onde o CDS vai agarrar-se, com "unhas e dentes" para ir de "mão dada" com o PSD. Para todo o lado.
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