Os abusos continuam e a passividade das autoridades também
- Henrique Correia

- 21 de set.
- 2 min de leitura
Peça militar nos jardins do Palácio ocupada como diversão noturna. Se não há capacidade de vigilância, é de pensar retirar a peça para lugar seguro. Quando for para retirar tudo, avisem...


Nem as melhores previsões de aumento do turismo apontariam para os números registados há alguns anos na Região. Mudou o tipo de turistas, na quantidade e na qualidade, em síntese é um bom indicador para a Economia, para todos os serviços ligados ao sector, bom para o emprego, mas teve o reverso da medalha, que se prende com a forma como este "boom" nos surpreendeu apesar de as entidades demonstrarem que já sabiam o que iria acontecer, e pior, que estão preparadas para enfrentar esta afluência cada vez mais acentuada. Não estavam nem estão, tanto na prevenção como na fiscalização.
Entre tantos episódios de turistas acampados onde não podem, ocupando jardins públicos, de forma desordenada, passando noites nas praias, estacionando indevidamente, com tendas sobre os carros, registou-se um episódio que ajuda a compreender ao ponto a que estes abusos chegaram perante a passividade das autoridades relativamente à falta de respeito pela Região através de atropelos ao património. O caso foi relatado pelo investigador e professor Raimundo Quintal, que publicou duas fotos de uma peça militar, há anos nos jardins do Palácio, como se sabe monumento nacional, vendo-se duas pessoas sentadas, de forma descontraída. Raimundo Quintal publica estas imagens com uma questão: "No Funchal vale tudo?"
Acontece que esta exposição pública de uma realidade que, infelizmente, começa a ser frequente, traz-nos para algumas observações que podem e devem ser feitas neste momento. Os jardins do Palácio têm a manutenção assegurada pela Câmara do Funchal, vem do tempo de Fernão de Ornelas, sendo que a peça militar, ali colocada, é da responsabilidade da autoridade militar, que em tempos tinha uma presença regular na guarda, que deve fazer vigilância através de rondas, mas que vem desguarnecendo essa função. E aqui, cabe questionar: se não há capacidade para dignificar a peça militar instalada nos jardins, abrindo caminho para ocupação, hoje, mas provavelmente alvo de vandalismo amanhã, então é reconhecer essa incapacidade retirando a peça para lugar seguro, já que a cidade está a tornar-se um local inseguro para podermos continuar a ter o que sempre tivemos com correspondência do bem receber com o saber visitar, de forma a respeitar o nosso destino.
Quando for para retirar tudo, avisem...
Dava jeito dar-nos ao respeito...





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